São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Risco turco dispara e já é maior que o brasileiro

Turbulência nos mercados faz o indicador subir 82%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As turbulências que sacodem o mercado internacional mundial desde meados de maio têm cobrado um preço elevado da Turquia. O risco-país turco disparou nos últimos dois dias e superou o brasileiro. Isso indica que a aversão aos ativos da Turquia é hoje maior que aos do Brasil.
Ontem o risco turco marcava 320 pontos no fim das operações, contra 261 pontos do Brasil. Na segunda-feira passada, a Turquia tinha risco de 251 pontos, e o Brasil, de 257 pontos. Em uma semana, o risco turco disparou 27,5%. O brasileiro subiu 1,6% no período.
Do dia 10 de maio -quando começou a atual onda de volatilidade- para cá, o risco turco, que estava em 176 pontos, deu um salto de 81,8%. Esse indicador aumenta quando os investidores internacionais se desfazem dos títulos da dívida de determinado do país.
No domingo, em uma reunião extraordinária, o Banco Central da Turquia elevou os juros do país de 15% para 17,25% anuais. Foi a segunda vez no mês que a Turquia subiu sua taxa de juros, com a intenção de deter a fuga de estrangeiros dos títulos do país e barrar a escalada dos índices de preços. No começo de junho, os juros do país eram de 13,25%.
Levantamento da Bloomberg mostra que a Turquia já está muito próxima da Argentina na posição de país que tem a maior probabilidade de não honrar o pagamento de seus títulos da dívida em todo o mundo.
O custo anual de um seguro que garante o pagamento de títulos no caso de um calote -conhecido de "credit-default swap"-, para um montante de títulos de US$ 10 milhões, mais que dobrou no caso da Turquia desde meados de maio, chegando a US$ 305 mil. Para títulos argentinos -país que deu calote em sua dívida externa em dezembro de 2001-, o custo desse seguro está em US$ 320 mil.
"Parece que nada poderá interromper esse declínio [dos ativos turcos]. A meta de inflação da Turquia está fora de alcance, e os problemas políticos começaram a pesar", afirmou à Bloomberg Enzo Puntillo, administrador-sênior de fundos do Bank Julius Baer & Co. Ltd. de Zurique.
A meta de inflação da Turquia para 2006 é de 5%. Mas dados anualizados da inflação do país de maio bateram em 9,86%.
Para o departamento de estudos econômicos do Bradesco, ao elevar novamente os juros, o BC do país "tenta conter o movimento de depreciação rápida da lira turca e possíveis repasses deste movimento para o índice de preços ao consumidor".
Desde o começo de maio, a lira turca perdeu cerca de 21% de seu valor diante do dólar. O real se depreciou 7,6% no período.
O BC turco também tem feito leilões de venda de dólares na tentativa de conter a depreciação de sua moeda.

Mercado brasileiro
O mercado brasileiro teve um dia morno ontem. A Bovespa movimentou apenas R$ 1,38 bilhão -quase a metade da média diária do ano- e fechou praticamente estável, com leve recuo de 0,09%. O dólar comercial encerrou o dia com alta de 0,13%, a R$ 2,232.
Na quinta-feira, o Fed (o banco central norte-americano) decidirá para quanto vão os juros básicos do país, que estão em 5% anuais. O mercado aguarda ansioso pela nota que o Fed divulgará após seu encontro, que deve trazer sinais sobre o futuro dos juros nos EUA. Desde a última reunião do BC americano, em 10 de maio, o mercado global vive um período de considerável volatilidade.


Com a Bloomberg

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