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Risco turco dispara e já é maior que o brasileiro
Turbulência nos mercados faz o indicador subir 82%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As turbulências que sacodem
o mercado internacional mundial desde meados de maio têm
cobrado um preço elevado da
Turquia. O risco-país turco disparou nos últimos dois dias e
superou o brasileiro. Isso indica que a aversão aos ativos da
Turquia é hoje maior que aos
do Brasil.
Ontem o risco turco marcava
320 pontos no fim das operações, contra 261 pontos do Brasil. Na segunda-feira passada, a
Turquia tinha risco de 251 pontos, e o Brasil, de 257 pontos.
Em uma semana, o risco turco
disparou 27,5%. O brasileiro
subiu 1,6% no período.
Do dia 10 de maio -quando
começou a atual onda de volatilidade- para cá, o risco turco,
que estava em 176 pontos, deu
um salto de 81,8%. Esse indicador aumenta quando os investidores internacionais se desfazem dos títulos da dívida de determinado do país.
No domingo, em uma reunião extraordinária, o Banco
Central da Turquia elevou os
juros do país de 15% para
17,25% anuais. Foi a segunda
vez no mês que a Turquia subiu
sua taxa de juros, com a intenção de deter a fuga de estrangeiros dos títulos do país e barrar a escalada dos índices de
preços. No começo de junho, os
juros do país eram de 13,25%.
Levantamento da Bloomberg
mostra que a Turquia já está
muito próxima da Argentina na
posição de país que tem a maior
probabilidade de não honrar o
pagamento de seus títulos da
dívida em todo o mundo.
O custo anual de um seguro
que garante o pagamento de títulos no caso de um calote -conhecido de "credit-default
swap"-, para um montante de
títulos de US$ 10 milhões, mais
que dobrou no caso da Turquia
desde meados de maio, chegando a US$ 305 mil. Para títulos
argentinos -país que deu calote em sua dívida externa em dezembro de 2001-, o custo desse seguro está em US$ 320 mil.
"Parece que nada poderá interromper esse declínio [dos
ativos turcos]. A meta de inflação da Turquia está fora de alcance, e os problemas políticos
começaram a pesar", afirmou à
Bloomberg Enzo Puntillo, administrador-sênior de fundos
do Bank Julius Baer & Co. Ltd.
de Zurique.
A meta de inflação da Turquia para 2006 é de 5%. Mas
dados anualizados da inflação
do país de maio bateram em
9,86%.
Para o departamento de estudos econômicos do Bradesco,
ao elevar novamente os juros, o
BC do país "tenta conter o movimento de depreciação rápida
da lira turca e possíveis repasses deste movimento para o índice de preços ao consumidor".
Desde o começo de maio, a lira turca perdeu cerca de 21% de
seu valor diante do dólar. O real
se depreciou 7,6% no período.
O BC turco também tem feito
leilões de venda de dólares na
tentativa de conter a depreciação de sua moeda.
Mercado brasileiro
O mercado brasileiro teve
um dia morno ontem. A Bovespa movimentou apenas R$ 1,38
bilhão -quase a metade da média diária do ano- e fechou
praticamente estável, com leve
recuo de 0,09%. O dólar comercial encerrou o dia com alta de
0,13%, a R$ 2,232.
Na quinta-feira, o Fed (o banco central norte-americano)
decidirá para quanto vão os juros básicos do país, que estão
em 5% anuais. O mercado
aguarda ansioso pela nota que o
Fed divulgará após seu encontro, que deve trazer sinais sobre
o futuro dos juros nos EUA.
Desde a última reunião do BC
americano, em 10 de maio, o
mercado global vive um período de considerável volatilidade.
Com a Bloomberg
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