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Oito meses depois, Brasil não consegue reverter veto externo
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A suspensão dos embargos à
importação de carne brasileira
por causa do surto de febre aftosa descoberto no ano passado
tem exigido uma atuação mais
política do que técnica do governo.
Interesses comerciais por
trás das restrições ao produto
do Brasil dificultam o fim do
bloqueio ao produto do Brasil.
O ministro Roberto Rodrigues
(Agricultura) afirma que tem
feito a sua parte, mas enfatiza
que "questões comerciais" estão fora da alçada do governo.
Oito meses após a descoberta
de focos da doença no Brasil, 58
países ainda mantêm o embargo à importação de carne brasileira. O governo só conseguiu
reverter parcialmente a restrição ao produto imposta por
três países.
"Há essa questão comercial.
Nosso papel é eliminar os fatores causais para evitar qualquer
pretexto. Agora, questão comercial não nos cabe", diz Rodrigues.
Ele acaba de voltar de uma
viagem à Rússia, onde foi pedir
a liberação para comercialização da carne do Brasil, sobretudo a carne suína de Santa Catarina, Estado que não foi afetado
pelo surto de aftosa.
Neste mês, Rodrigues e o diretor de saúde animal do ministério, Jorge Caetano, estiveram
em Moscou e em São Petersburgo discutindo o assunto.
Rodrigues disse que ressaltou a importância daquele mercado para os produtores de suínos de Santa Catarina.
No início de abril, o governo
russo liberou as importações de
alguns tipos de carne, mas apenas do Rio Grande do Sul, onde
não foi registrado nenhum foco
de aftosa, e manteve o bloqueio
aos demais Estados.
A viagem foi a segunda etapa
das negociações com os russos.
Técnicos do ministério enviaram anteriormente às autoridades daquele país um "extenso relatório respondendo a todas as perguntas da área de defesa sanitária russa".
O registro de casos de aftosa
no Paraná levou a Rússia a suspender a compra da carne de
Santa Catarina também. A restrição, no entanto, atingiu todos os tipos de carne e não somente a bovina.
"Isso [o embargo à carne suína] está levando os produtores
ao desastre." Para o ministro da
Agricultura, por trás da preocupação com as ações tomadas
pelo governo brasileiro para
debelar a doença há questões
muito menos técnicas e mais
políticas.
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