|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aumenta entrada de capital especulativo
Fluxo de recursos captados por bancos no exterior e que ficam menos de um ano no país quintuplica de janeiro a abril
Instituições captam dinheiro a juros menores
no exterior para reaplicá-lo em papéis atrelados à alta taxa brasileira
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo de capital especulativo ao Brasil aumentou quase
cinco vezes nos primeiros quatro meses do ano e se tornou a
principal fonte de dólares do
país, segundo dados do Banco
Central. Entre janeiro e abril, o
total de financiamentos de curto prazo captados por bancos
no exterior somou US$ 24,147
bilhões, contra US$ 4,842 bilhões nesse período de 2006.
Os números se referem a empréstimos com prazo inferior a
um ano que os bancos conseguem no mercado internacional para aplicar no Brasil. Ou
seja, é um tipo de dinheiro que
pode deixar o país rapidamente
em caso de forte turbulência.
Os dados indicam que, ao
contrário do que defende o BC,
a valorização do real está sendo
influenciada pelos elevados juros do Brasil, não só por fatores
como o bom desempenho da
balança comercial -o volume
de dinheiro de curto prazo que
entrou no país entre janeiro e
abril equivale a quase o dobro
do saldo da balança no período.
"Isso [a entrada de capital de
curto prazo] tem a ver com o nível na taxa de juros, que ainda é
muito alto", disse a economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour. Ou
seja, os bancos que atuam no
Brasil conseguem empréstimos de curto prazo a juros baixos no exterior e podem colocar os recursos em aplicações
atreladas à taxa Selic, hoje em
12% ao ano.
Segundo Srour, o Brasil deve
receber US$ 30 bilhões em empréstimos de curto prazo ao
longo de 2007, o que representaria um aumento de 54% em
relação a 2006. "É um valor alto, mas não acho que isso traga
muito risco. Estamos falando
de um fluxo total que pode chegar a US$ 75 bilhões neste ano."
Ainda assim, os valores registrados até agora fizeram com
que o BC obrigasse os bancos a
adotar limites mais rígidos nas
suas operações com câmbio.
Com as mudanças, anunciadas
há três semanas, as instituições
financeiras passaram a ter que
apresentar um volume maior
de capital como garantia para
suas transações com dólares.
A idéia era desestimular as
operações com capitais especulativos. "O BC tomou as medidas para tornar esses capitais o
menos volátil possível. Isso traz
mais sustentabilidade ao balanço de pagamentos", disse o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Em outras palavras, os limites mais rígidos buscam evitar
que as contas externas dependam muito de recursos de curto
prazo. Por enquanto, os números disponíveis mostram que o
balanço de pagamentos continua no azul, fazendo até com
que o BC aumente suas projeções para este ano.
No mês passado, a conta de
transações correntes teve saldo
positivo de US$ 1,821 bilhão, levando o resultado acumulado
até abril a US$ 3,515 bilhões.
Esse indicador inclui a balança comercial, a balança de serviços e rendas (pagamento de
juros, gastos com viagens internacionais, despesas com fretes,
entre outros itens) e as transferências unilaterais (dinheiro
enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Ontem, o BC elevou de US$
7,7 bilhões para US$ 10,7 bilhões sua projeção para o superávit em transações correntes
do ano. A revisão ocorreu por
causa da alta, de US$ 37 bilhões
para US$ 40 bilhões, na projeção do superávit comercial.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: BC buscará inflação menor que meta de 4,5% do CMN Índice
|