São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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análise

Meta pouco deve alterar a vida do cidadão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O que significa meio ponto percentual a mais ou a menos na meta de inflação para 2009? Depois da polêmica que a discussão gerou dentro do governo, essa é uma pergunta que parte da população fora do circuito político-financeiro pode se fazer ao ver o desfecho da novela.
Afinal, parece pouco. Nesse caso específico, a resposta vai além dos argumentos técnicos sobre o impacto que a decisão dúbia do CMN poderá ter (e estima-se que terá).
A opção pelo discurso da dualidade -em que o ministro da Fazenda comemora a fixação de uma meta de 4,5% para 2009 e o presidente do BC enfatiza que tem a orientação para conduzir a taxa de juros com base numa inflação de 4%- reforça a avaliação de falta de liderança na área econômica do governo.
Ao contrário do que aconteceu no primeiro mandato de Lula, desta vez parece que não há quem convença o presidente de que o suposto sacrifício de ter uma meta em 4,5% ou 4% vale mais a pena ou não. Tenta-se, mas, depois de ouvir argumentos de um lado e do outro, o presidente arbitra e a saída é tentar passar uma imagem de que agradou aos dois.
Na prática, muito pouco alterará na vida do cidadão. "O BC continuará atuando como vem fazendo e deve ter espaço para mais duas quedas de 0,5 ponto na taxa de juros", avalia Sérgio Werlang, diretor do Itaú e responsável pela implementação do regime de metas de inflação no Brasil.
Para Roberto Padovani, economista do WestLB, o risco de a inflação sair do patamar atual de 3,2% e encostar nos 4,5% de Lula e Mantega, agora, é maior. Isso porque o que deve prevalecer para o dono da padaria da esquina ou do salão de beleza -enfim, do setor de serviços- é o discurso de 4,5%. E eles têm um grande peso na inflação da vida real.
Do outro lado, ficam os analistas com gráficos e relatórios feitos com base nos 4% do BC. É esse universo que está no centro das preocupações dos técnicos da instituição. Temem que o anúncio de uma inflação de 4,5% mude as expectativas futuras, ancoradas em 4%.


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