São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Nestlé pretende dobrar de tamanho no Brasil até 2012

Plano inclui aquisições, abertura de duas fábricas ao ano, venda porta a porta, lançamentos e maior regionalização

Empresa cresceu o dobro do PIB, nos últimos cinco anos; para especialistas, meta só será atingida com compras de outras empresas da área

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Nestlé pretende dobrar de tamanho nos próximos cinco anos no Brasil e atingir R$ 22 bilhões em faturamento em 2012. Para isso, a empresa traçou um plano bastante agressivo que inclui lançamento de produtos, entrada em novas categorias, ampliação de capacidade, vendas porta a porta, regionalização e aquisições.
"Temos crescido o dobro do PIB ao ano, nos últimos cinco anos", afirma Ivan Zurita, presidente da Nestlé. "Como os fundamentos econômicos do país estão muito bons e não há ameaças visíveis no horizonte, temos um plano definido para duplicar em cinco anos."
A missão não será fácil. A empresa cresceu 8% em volume e 10% em faturamento no primeiro semestre. Mas, apesar de o consumo estar em alta, a renda da classe média, responsável por boa parte das vendas da Nestlé, está estagnada há anos.
"É uma missão titânica", diz Adalberto Viviani, sócio da consultoria Concept, especializada em alimentos e bebidas. "Esse crescimento só será viável com aquisições, comprando espaço em gôndola e, conseqüentemente, empresas."
A Nestlé não descarta a hipótese. Ao contrário. Segundo Zurita, a empresa tem estudado aquisições que dêem velocidade ao crescimento planejado.
A companhia também tem investido R$ 250 milhões ao ano, nos últimos anos. Apenas em 2006, serão inauguradas três fábricas. A previsão é serem abertas pelo menos duas por ano, até 2012. "A cada 3% de crescimento, precisamos de uma nova fábrica", diz Zurita.
O dinheiro também vem sendo utilizado em inovações e lançamentos. Ontem, a empresa anunciou que toda sua linha de cereais matinais, que tem 11 produtos, como Nescau Cereal e Moça Flakes, será feita com grãos integrais. O Neston e a Farinha Láctea também usarão esse tipo de matéria-prima.
"A tecnologia foi desenvolvida na Suíça nos últimos quatro anos, com investimento de R$ 50 milhões, e nenhum concorrente tem", diz Zurita. "Poderemos no futuro usar grãos integrais em biscoitos e barras."
Essa pode ser uma alternativa para evitar a hipótese de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibir propaganda de alimentos de baixo teor nutritivo, como biscoitos. Ao mesmo tempo, fortalece a linha de alimentos funcionais e com apelo saudável da empresa que recentemente investiu em lançamentos como o iogurte Nesvita, a linha à base de soja Sollys, e reduziu os teores de sal e açúcar de produtos.
Outra linha de crescimento diz respeito à regionalização. Depois de colocar R$ 100 milhões na fábrica de Feira de Santana (BA), a empresa antecipou os investimentos programados para os próximos três anos, de mais R$ 100 milhões, graças ao aquecimento da economia na região.
A próxima área a ser regionalizada será a região Sul, e o mesmo será feito com Sudeste e Centro-Oeste. Para os especialistas, a Nestlé está seguindo uma tendência mundial.
"Ao customizar produtos para as regiões, a Nestlé melhora suas margens e cria barreiras para outros competidores", afirma Claudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração do Varejo (Provar).


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