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Nestlé pretende dobrar de tamanho no Brasil até 2012
Plano inclui aquisições, abertura de duas fábricas ao ano, venda porta a porta, lançamentos e maior regionalização
Empresa cresceu o dobro do PIB, nos últimos cinco anos; para especialistas, meta só
será atingida com compras de outras empresas da área
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Nestlé pretende dobrar de
tamanho nos próximos cinco
anos no Brasil e atingir R$ 22
bilhões em faturamento em
2012. Para isso, a empresa traçou um plano bastante agressivo que inclui lançamento de
produtos, entrada em novas categorias, ampliação de capacidade, vendas porta a porta, regionalização e aquisições.
"Temos crescido o dobro do
PIB ao ano, nos últimos cinco
anos", afirma Ivan Zurita, presidente da Nestlé. "Como os
fundamentos econômicos do
país estão muito bons e não há
ameaças visíveis no horizonte,
temos um plano definido para
duplicar em cinco anos."
A missão não será fácil. A empresa cresceu 8% em volume e
10% em faturamento no primeiro semestre. Mas, apesar de
o consumo estar em alta, a renda da classe média, responsável
por boa parte das vendas da
Nestlé, está estagnada há anos.
"É uma missão titânica", diz
Adalberto Viviani, sócio da
consultoria Concept, especializada em alimentos e bebidas.
"Esse crescimento só será viável com aquisições, comprando
espaço em gôndola e, conseqüentemente, empresas."
A Nestlé não descarta a hipótese. Ao contrário. Segundo Zurita, a empresa tem estudado
aquisições que dêem velocidade ao crescimento planejado.
A companhia também tem
investido R$ 250 milhões ao
ano, nos últimos anos. Apenas
em 2006, serão inauguradas
três fábricas. A previsão é serem abertas pelo menos duas
por ano, até 2012. "A cada 3%
de crescimento, precisamos de
uma nova fábrica", diz Zurita.
O dinheiro também vem sendo utilizado em inovações e
lançamentos. Ontem, a empresa anunciou que toda sua linha
de cereais matinais, que tem 11
produtos, como Nescau Cereal
e Moça Flakes, será feita com
grãos integrais. O Neston e a
Farinha Láctea também usarão
esse tipo de matéria-prima.
"A tecnologia foi desenvolvida na Suíça nos últimos quatro
anos, com investimento de R$
50 milhões, e nenhum concorrente tem", diz Zurita. "Poderemos no futuro usar grãos integrais em biscoitos e barras."
Essa pode ser uma alternativa para evitar a hipótese de a
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) proibir
propaganda de alimentos de
baixo teor nutritivo, como biscoitos. Ao mesmo tempo, fortalece a linha de alimentos funcionais e com apelo saudável da
empresa que recentemente investiu em lançamentos como o
iogurte Nesvita, a linha à base
de soja Sollys, e reduziu os teores de sal e açúcar de produtos.
Outra linha de crescimento
diz respeito à regionalização.
Depois de colocar R$ 100 milhões na fábrica de Feira de
Santana (BA), a empresa antecipou os investimentos programados para os próximos três
anos, de mais R$ 100 milhões,
graças ao aquecimento da economia na região.
A próxima área a ser regionalizada será a região Sul, e o mesmo será feito com Sudeste e
Centro-Oeste. Para os especialistas, a Nestlé está seguindo
uma tendência mundial.
"Ao customizar produtos para as regiões, a Nestlé melhora
suas margens e cria barreiras
para outros competidores",
afirma Claudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração do Varejo (Provar).
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