São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Indústria de alimentos tem queda de 1,9%, afirma Fiesp

Setor atribui demanda menor à alta da inflação

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

O setor industrial de alimentos e bebidas já sente efetivamente o efeito da alta da inflação de seus produtos, apontou ontem a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Segundo o Levantamento de Conjuntura da entidade, o índice de atividade do grupo recuou 1,9% no acumulado do ano até maio.
"É o único [setor] que apresenta esse número negativo", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp. "Nota-se queda da demanda por causa da inflação."
Como um todo, a indústria paulista, que agrupa 17 setores, ainda segue um ritmo considerado positivo pela entidade. No acumulado do ano, o INA (Indicador do Nível de Atividade) avançou 8,3% ante o mesmo período em 2007. No mês de maio, o indicador recuou 2,4% sobre abril e subiu 3,9% sobre o mesmo mês do ano passado.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), divulgado anteontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou a inflação dos alimentos em 8,62% no acumulado do primeiro semestre ante igual período do ano anterior.
"A renda está crescendo, mas a inflação dos alimentos avança mais ainda", disse Francini. "O consumidor vai sempre com o mesmo valor fazer compras. Se há inflação, ele não vai gastar mais. Se o volume não pode ser alterado, substitui os produtos mais caros por mais baratos."
O resultado desse comportamento do consumidor tem especial efeito nas vendas reais do setor, que no acumulado do ano até maio caíram 7,6% ante igual período de 2007.
Sobre o desempenho geral da indústria de São Paulo, Francini disse que os números mostram uma estabilização do ritmo de crescimento da produção. "Agora está se estabilizando e deve fechar o ano em 5,5%", afirmou.
Apesar de considerar que a indústria manterá o ritmo neste ano, o economista admitiu "inquietações" no médio e no longo prazo. Segundo ele, a recente alta nas taxas de juros e a queda constante na cotação do dólar ante o real terão repercussão mais à frente.
"Cremos em um 2009 que se iniciará com outras condições, diferentes das apresentadas neste ano, que eram mais positivas", disse Francini.


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