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BALANÇO
Serviços levam 59% do investimento externo; empresas ponto.com recebem mais dinheiro que qualquer setor industrial
Estrangeiro prefere Internet a indústrias
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Internet brasileira recebeu
mais investimentos estrangeiros
que qualquer um dos setores da
indústria no primeiro semestre
deste ano. Os recursos aplicados
nas empresas ponto.com somaram US$ 600 milhões no período.
O principal destino do dinheiro
de fora na indústria nacional foi o
segmento de mecânica (inclui as
montadoras de automóveis), no
qual foram injetados US$ 533 milhões. Os dados são do BC (Banco
Central).
As estatísticas confirmam a supremacia do setor de serviços na
preferência dos estrangeiros que
investem na economia brasileira.
Dos US$ 12,7 bilhões que colocaram aqui nos primeiros seis meses do ano, 59%, o que corresponde a US$ 7,49 bilhões, foram para
atividades de serviços, onde se encontra Internet. A indústria recebeu 20% do dinheiro, o que representou US$ 2,54 bilhões.
"O setor de serviços recebe mais
dinheiro no mundo todo. Não é
um fenômeno exclusivo do Brasil", disse Octavio de Barros, economista-chefe do BBVA.
Fato considerado bastante positivo pelos economistas é que a
parcela de investimentos proveniente das privatizações foi muito
mais baixa neste ano do que em
anos anteriores, apesar do total de
recursos estrangeiros investidos
ter permanecido no mesmo nível
de 99.
No primeiro semestre do ano
passado, vieram de vendas das estatais US$ 5,019 bilhões, o que
correspondeu a 38,74% de todo o
dinheiro aplicado diretamente na
economia brasileira naquele período (US$ 12,955 bilhões).
Nos primeiros seis meses deste
ano, US$ 1,34 bilhão foi dinheiro
que entrou ainda por conta das
privatizações. Ou seja, 10,55% do
volume integral dos investimentos estrangeiros. "Isso é muito
bom. Mostra que os investimentos estão melhor distribuídos e
que a economia brasileira é atrativa independentemente da oferta
de empresas públicas", afirmou
André Lóes, economista-chefe do
banco Santander.
Dólar estável
Os dados confirmam o discurso
do governo de que o Brasil hoje
não depende do capital volátil para equilibrar suas contas. O déficit
em conta corrente (diferença das
transações do país com o exterior) no primeiro semestre foi de
US$ 11,4 bilhões. Isto é, os investimentos diretos superaram essa
necessidade em US$ 1,3 bilhão.
Esse é um dos principais fatores
que explicam porque o dólar tem
se mantido estável nas últimas semanas: o saldo do fluxo de recursos para o país é positivo. Quando
entra mais dinheiro na economia
do que sai, a tendência é que a cotação da moeda norte-americana
em relação ao real permaneça
equilibrada ou até mesmo caia.
Outro fator importante para
economia é que os investimentos
diretos são dinheiro saudável,
pois geram empregos e riqueza
para a população.
No passado recente, o Brasil era
muito dependente do capital volátil, também conhecido como
"dinheiro esperto". É recurso de
investidores que buscam, por
exemplo, lucrar apenas com altas
taxas de juros.
Como é um dinheiro que entra e
sai dos países com muita facilidade, a qualquer sinal de risco na
economia cruza as fronteiras de
volta.
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