São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BALANÇO
Serviços levam 59% do investimento externo; empresas ponto.com recebem mais dinheiro que qualquer setor industrial
Estrangeiro prefere Internet a indústrias

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Internet brasileira recebeu mais investimentos estrangeiros que qualquer um dos setores da indústria no primeiro semestre deste ano. Os recursos aplicados nas empresas ponto.com somaram US$ 600 milhões no período.
O principal destino do dinheiro de fora na indústria nacional foi o segmento de mecânica (inclui as montadoras de automóveis), no qual foram injetados US$ 533 milhões. Os dados são do BC (Banco Central).
As estatísticas confirmam a supremacia do setor de serviços na preferência dos estrangeiros que investem na economia brasileira. Dos US$ 12,7 bilhões que colocaram aqui nos primeiros seis meses do ano, 59%, o que corresponde a US$ 7,49 bilhões, foram para atividades de serviços, onde se encontra Internet. A indústria recebeu 20% do dinheiro, o que representou US$ 2,54 bilhões.
"O setor de serviços recebe mais dinheiro no mundo todo. Não é um fenômeno exclusivo do Brasil", disse Octavio de Barros, economista-chefe do BBVA.
Fato considerado bastante positivo pelos economistas é que a parcela de investimentos proveniente das privatizações foi muito mais baixa neste ano do que em anos anteriores, apesar do total de recursos estrangeiros investidos ter permanecido no mesmo nível de 99.
No primeiro semestre do ano passado, vieram de vendas das estatais US$ 5,019 bilhões, o que correspondeu a 38,74% de todo o dinheiro aplicado diretamente na economia brasileira naquele período (US$ 12,955 bilhões).
Nos primeiros seis meses deste ano, US$ 1,34 bilhão foi dinheiro que entrou ainda por conta das privatizações. Ou seja, 10,55% do volume integral dos investimentos estrangeiros. "Isso é muito bom. Mostra que os investimentos estão melhor distribuídos e que a economia brasileira é atrativa independentemente da oferta de empresas públicas", afirmou André Lóes, economista-chefe do banco Santander.

Dólar estável
Os dados confirmam o discurso do governo de que o Brasil hoje não depende do capital volátil para equilibrar suas contas. O déficit em conta corrente (diferença das transações do país com o exterior) no primeiro semestre foi de US$ 11,4 bilhões. Isto é, os investimentos diretos superaram essa necessidade em US$ 1,3 bilhão.
Esse é um dos principais fatores que explicam porque o dólar tem se mantido estável nas últimas semanas: o saldo do fluxo de recursos para o país é positivo. Quando entra mais dinheiro na economia do que sai, a tendência é que a cotação da moeda norte-americana em relação ao real permaneça equilibrada ou até mesmo caia.
Outro fator importante para economia é que os investimentos diretos são dinheiro saudável, pois geram empregos e riqueza para a população.
No passado recente, o Brasil era muito dependente do capital volátil, também conhecido como "dinheiro esperto". É recurso de investidores que buscam, por exemplo, lucrar apenas com altas taxas de juros.
Como é um dinheiro que entra e sai dos países com muita facilidade, a qualquer sinal de risco na economia cruza as fronteiras de volta.


Texto Anterior: Brasil importa mais 3.000 MW da Argentina
Próximo Texto: Aviação: Brasil só mudará Proex após acerto com Canadá
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.