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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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Área da instituição recebe críticas devido a muitos casos polêmicos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A fiscalização do Banco Central é uma das áreas da instituição que mais têm sido criticadas nos últimos anos. Foram muitos os casos polêmicos em que a diretoria foi acusada de falha ou omissão, como no rombo dos bancos Nacional, Econômico e Bamerindus, logo após a implantação do Plano Real, e a quebra do Marka e do FonteCindam em 1999, com a maxidesvalorização do real.
As três primeiras instituições financeiras deixaram prejuízos aos cofres públicos que, somados, devem passar dos R$ 10 bilhões quando suas liquidações extrajudiciais forem encerradas pelo Banco Central.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Sérgio Cavalheiro, diz que muito trabalho foi feito nos últimos anos para melhorar o setor de fiscalização da instituição.
Ele menciona como exemplo a criação de uma central de risco, toda informatizada, por meio da qual o Banco Central acompanha diariamente as posições de crédito dos bancos. "Conseguimos detectar rapidamente qualquer coisa fora do normal nas carteiras de crédito dos bancos", disse.

Rombo acima de R$ 14 bi
O maior rombo entre os cinco bancos citados foi o do Nacional. No final do ano passado, a instituição devia mais de R$ 14 bilhões ao governo federal.
Como o BC esperava reaver R$ 7 bilhões, com a venda de ativos da parte podre do banco, a perda da União seria de R$ 7 bilhões.
Para encobrir enorme buraco na contabilidade da instituição, os administradores do Nacional forjaram uma série de contas correntes e operações de empréstimo e financiamento para maquiar o balanço do banco. A fiscalização do BC não descobriu o rombo inicial e demorou muito para identificar as operações fraudulentas.
Segundo Cavalheiro, quando os fiscais do Banco Central inspecionam hoje um banco, alimentam por meio de computadores portáteis o sistema do Banco Central com todas as informações que levantam da instituição. "Isso nos dá muito mais agilidade para identificar problemas", disse.
Em janeiro de 1999, o BC foi acusado de ter beneficiado os bancos Marka e FonteCindam com a venda de dólares a cotações mais baixas do que as de mercado. Os dois bancos operavam alavancados no mercado de câmbio, quando foram surpreendidos pela desvalorização da moeda.

Evitar crises
O Banco Central alegou na época que as operações de socorro foram feitas para evitar crises sistêmicas.
Atualmente, diz Cavalheiro, o Banco Central acompanha diariamente todas as posições dos bancos no mercado futuro, inclusive as de câmbio. "Se alguma instituição está excessivamente exposta, atuamos imediatamente."
Ele lembra também que de lá para cá o Banco Central impôs limites mais rigorosos para operações com câmbio.
Para ele, "a maior prova" de que o Banco Central tem trabalhado corretamente na área de fiscalização é que o país passou por várias crises internacionais nos últimos anos sem problemas graves no sistema financeiro.


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