São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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Após "exagero" da segunda, juros futuros recuam

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que o vendaval que sacudiu o mercado financeiro na segunda-feira assustou até o governo. Ontem, o Tesouro Nacional deu as caras, por meio de seu secretário-adjunto, e acalmou um pouco os ânimos. O dólar interrompeu uma seqüência de cinco altas e recuou 0,49%, para R$ 2,45.
A Bovespa teve alta de 1,38%. Os juros futuros caíram.
O secretário-adjunto José Antônio Gragnani disse que o Tesouro decidiu deixar de atuar no mercado de câmbio até que a atual volatilidade se reduza. Há alguns dias, haviam crescido os rumores no mercado de que o Tesouro estaria comprando dólares.
Como ninguém acha que a volatilidade acabe tão cedo, o recado do Tesouro foi entendido por muitos como um sinal de que o governo ficará ausente das operações por algum tempo.
Mesmo com o mercado menos tenso, o Tesouro preferiu ofertar um volume menor de títulos públicos pós e prefixados (LFTs e LTNs) em seu leilão semanal. Ontem foram negociados cerca de R$ 3,8 bilhões desses títulos, contra os R$ 6 bilhões da semana passada.
Se o leilão semanal tivesse acontecido na segunda-feira, as chances de o Tesouro o ter cancelado - temeroso de ter que pagar taxas muito elevadas- eram grandes. Na operação de ontem, a LTN (título prefixado) com vencimento em janeiro de 2007 pagou taxa máxima de 18,31%. Há dois meses, o Tesouro vendeu o mesmo título com taxa de 18,50%.
O fato de as projeções futuras de juros terem recuado no pregão da BM&F ajudou a evitar que as taxas pedidas pelas instituições financeiras no leilão realizado pelo Tesouro disparassem.
Segundo operadores do mercado, as taxas das LTNs no mercado secundário -onde as instituições financeiras negociam entre elas- subiram de uma semana para cá, movidas pelo mau humor crescente dos investidores.
O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociado, responsável por 42% do pregão e que tem vencimento em janeiro de 2007, fechou com taxa de 18,03% na BM&F. Na segunda, esse contrato pagou taxa de 18,11%.
"A declaração do Tesouro foi importante. O mercado teve um dia de exagero na segunda. Ainda pela manhã, os investidores mostraram estar de melhor humor. E o Tesouro veio acentuar essa perspectiva", diz Adauto Lima, economista do banco WestLB.
Anteontem, repercutindo a insatisfação do mercado com o andar da crise política, o dólar disparou 2,67%, sua maior alta em um dia desde 31 de maio de 2004.
No exterior, os ativos brasileiros também tiveram um dia melhor. O Global 40, título da dívida brasileira mais negociado lá fora, teve valorização de 1,20%. O risco-país recuou um pouco, cerca de 0,50%, indo aos 418 pontos no fim do dia.

Ações
Diferentes ações foram alvo de compras e registraram boas altas. O papel ON da Tractebel teve significativo ganho de 8,26%. A ação ON da Sabesp subiu 6,86%.
Não se sabe se estrangeiros venderam muitas ações na segunda. Mas, até o dia 21, as compras de papéis na Bovespa feita com recursos de estrangeiros estava bem forte. Nas três primeiras semanas de julho, os estrangeiros mais compraram que venderam ações no montante de R$ 1,15 bilhão.


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