|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após "exagero" da segunda, juros futuros recuam
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece que o vendaval que sacudiu o mercado financeiro na segunda-feira assustou até o governo. Ontem, o Tesouro Nacional
deu as caras, por meio de seu secretário-adjunto, e acalmou um
pouco os ânimos. O dólar interrompeu uma seqüência de cinco
altas e recuou 0,49%, para R$ 2,45.
A Bovespa teve alta de 1,38%. Os
juros futuros caíram.
O secretário-adjunto José Antônio Gragnani disse que o Tesouro
decidiu deixar de atuar no mercado de câmbio até que a atual volatilidade se reduza. Há alguns dias,
haviam crescido os rumores no
mercado de que o Tesouro estaria
comprando dólares.
Como ninguém acha que a volatilidade acabe tão cedo, o recado
do Tesouro foi entendido por
muitos como um sinal de que o
governo ficará ausente das operações por algum tempo.
Mesmo com o mercado menos
tenso, o Tesouro preferiu ofertar
um volume menor de títulos públicos pós e prefixados (LFTs e
LTNs) em seu leilão semanal. Ontem foram negociados cerca de
R$ 3,8 bilhões desses títulos, contra os R$ 6 bilhões da semana passada.
Se o leilão semanal tivesse acontecido na segunda-feira, as chances de o Tesouro o ter cancelado
- temeroso de ter que pagar taxas muito elevadas- eram grandes. Na operação de ontem, a
LTN (título prefixado) com vencimento em janeiro de 2007 pagou
taxa máxima de 18,31%. Há dois
meses, o Tesouro vendeu o mesmo título com taxa de 18,50%.
O fato de as projeções futuras de
juros terem recuado no pregão da
BM&F ajudou a evitar que as taxas pedidas pelas instituições financeiras no leilão realizado pelo
Tesouro disparassem.
Segundo operadores do mercado, as taxas das LTNs no mercado
secundário -onde as instituições
financeiras negociam entre elas-
subiram de uma semana para cá,
movidas pelo mau humor crescente dos investidores.
O contrato DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociado, responsável por 42% do pregão e que
tem vencimento em janeiro de
2007, fechou com taxa de 18,03%
na BM&F. Na segunda, esse contrato pagou taxa de 18,11%.
"A declaração do Tesouro foi
importante. O mercado teve um
dia de exagero na segunda. Ainda
pela manhã, os investidores mostraram estar de melhor humor. E
o Tesouro veio acentuar essa
perspectiva", diz Adauto Lima,
economista do banco WestLB.
Anteontem, repercutindo a insatisfação do mercado com o andar da crise política, o dólar disparou 2,67%, sua maior alta em um
dia desde 31 de maio de 2004.
No exterior, os ativos brasileiros
também tiveram um dia melhor.
O Global 40, título da dívida brasileira mais negociado lá fora, teve
valorização de 1,20%. O risco-país
recuou um pouco, cerca de 0,50%,
indo aos 418 pontos no fim do dia.
Ações
Diferentes ações foram alvo de
compras e registraram boas altas.
O papel ON da Tractebel teve significativo ganho de 8,26%. A ação
ON da Sabesp subiu 6,86%.
Não se sabe se estrangeiros venderam muitas ações na segunda.
Mas, até o dia 21, as compras de
papéis na Bovespa feita com recursos de estrangeiros estava bem
forte. Nas três primeiras semanas
de julho, os estrangeiros mais
compraram que venderam ações
no montante de R$ 1,15 bilhão.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Luís Nassif: O banqueiro e a CPI Índice
|