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LUÍS NASSIF
O banqueiro
e a CPI
A abertura da caixa-preta, do escândalo do "mensalão", estará sendo resolvida
hoje, fora dos holofotes da CPI.
Trata-se da Assembléia Geral
Extraordinária da Brasil Telecom, que decidirá ou não pelo
afastamento do Opportunity
da gestão da companhia. Por
seu tamanho e por seu faturamento e pelas notícias até agora vazadas da CPI, é possível
que a Brasil Telecom tenha sido
a grande contribuinte desse esquema político -ao lado da
Telemig Celular e da Amazônia Celular, as três controladas
pelo Opportunity.
Ontem, em reportagem no
"Estado de S.Paulo", o banqueiro Daniel Dantas passou
recados explícitos sobre as
bombas que têm para explodir.
Em reportagem em "off", fontes
do Opportunity não esconderam que se aproximaram do
PT por meio de Delúbio Soares
e Marcos Valério Fernandes de
Souza. Sustentaram que a
SMPB, agência de Valério, tinha como cliente a Telemig Celular, "controlada pela Previ"
-o controle sempre foi do Opportunity.
Há um número infindável de
inconsistências técnicas nas declarações das fontes do Opportunity, explicações sem nexo
para a reação da Previ. Mas há
também bombas, como a admissão de que financiaram
candidatos, que se encontraram com o o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
e conseguiram seu apoio na luta contra os fundos, em uma
reunião testemunhada pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai. O acordo teria saído depois de Dirceu
ter exigido de Dantas que "parasse de grampear seus rivais".
A inverosimilhança dos termos
do acordo, assim como a menção a Kakai, faz parte dos recados. O acordo era para a demissão de Sérgio Rosa, presidente
da Previ -pessoa que impediu
o Opportunity de controlar a
telefonia nacional. E Dirceu, de
fato, se empenhou pessoalmente nisso.
Se efetivamente os fundos
conseguirem destituir o Opportunity, abrirão a caixa-preta,
que passa pelos gastos em publicidade, pelos contratos de
compras e prestação de serviços, pelos contratos com grandes escritórios de advocacia. E
fica claro que a reportagem foi
a última cartada do grupo.
Nos últimos tempos, a Anatel
negou recurso administrativo
ao argumento da BrT, de que a
troca de gestor dos fundos caracterizaria troca de controle
da companhia e perda da concessão.
No ano passado, a Anatel havia concedido 18 meses para
que italianos da TIM e o Opportunity se acertassem a respeito da sobreposição das telefonias celulares. Teoricamente,
o prazo venceria no último dia
18. Mas os advogados conseguiram comprovar que, como os
italianos jamais chegaram a
assumir a BrT, o taxímetro não
poderia ter iniciado.
Na semana retrasada, um desembargador do Rio de Janeiro
concedeu liminar ao Opportunity a qual tirou da Angra
Partners a gestão do fundo de
investimento Investidores Institucionais e colocou o Opportunity de volta. A medida foi
derrubada pelo presidente do
STJ (Superior Tribunal de Justiça). O caso foi levado ao STF,
que não acolheu.
Hoje, haverá o desfecho de
uma longuíssima maratona e
um ponto essencial nesse processo de passar o país a limpo.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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