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Instabilidade aumenta e derruba mercados
Temores sobre o mercado de crédito fazem a Bovespa recuar 3,76%, e Nova York, 2,26%
Risco sobe 21%, dólar, 3,27%, e juro futuro aumentam, e Tesouro suspende leilão
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro internacional foi atingido por um
vendaval. Vendas pesadas de
ações e de títulos da dívida
marcaram as operações de ontem. As Bolsas de Valores desabaram nos principais centros
financeiros.
A Bovespa amargou perdas
de 3,76%. O dólar saltou 3,27%
e foi a R$ 1,927; o risco-país disparou 21% e alcançou 222 pontos, maior patamar do ano. A
turbulência elevou os juros futuros, com a expectativa de que
a alta do dólar e a instabilidade
possam causar mudanças na
trajetória de queda dos juros.
Já o Tesouro Nacional cancelou leilão de títulos públicos.
O epicentro mais uma vez se
localizou no mercado imobiliário norte-americano. E a ordem
predominante ontem foi vender ativos (ações, títulos da dívida) que carregam maior risco
e buscar outros mais seguros,
como os papéis do Tesouro dos
EUA e moedas de países desenvolvidos. Na terça, o dia já havia
sido bastante tenso.
Os mercados acionários foram punidos em todos os cantos. Nos EUA, a Bolsa de Nova
York perdeu 2,26%, e a Nasdaq,
1,84%. Na Europa, a Bolsa de
Londres teve desvalorização de
3,15%, seguida por Paris
(-2,78%) e Frankfurt (-2,39%);
na América Latina, houve quedas relevantes no México
(-3,56%), em Buenos Aires
(-3,99%) e no Chile (-2,10%). A
Bolsa de Tóquio abriu hoje com
queda de 2,55%.
Os pregões abriram ontem
em terreno negativo, repercutindo os dados decepcionantes
das vendas de casas novas nos
EUA, que caíram em junho
22,3% em relação ao mesmo
mês de 2006.
A notícia de que dois grandes
fundos de investimento da
Austrália tiveram de vetar saques devido a riscos de quebrarem colaborou para elevar o temor dos investidores, assim como a alta do petróleo.
"Há muitas incertezas em relação ao futuro do setor imobiliário americano e do mercado
de crédito internacional. Em
dias como hoje [ontem], em
que notícias elevam as dúvidas,
os investidores correm para se
desfazer de ativos de maior risco em busca de porto seguro",
disse Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
A percepção de que o setor
imobiliário americano vive um
momento ruim foi agravada
com o anúncio de que duas
grandes construtoras do país tiveram prejuízos no último trimestre. Um aprofundamento
na crise imobiliária pode afetar
o desempenho de toda a economia dos EUA -principal motor
da economia global.
"O mercado atravessa um
momento de reprecificação dos
ativos, que tem afetado o mundo inteiro. Está havendo uma
realocação de recursos, e é normal que os preços dos ativos se
reajustem", disse Alexandre
Lintz, do banco BNP Paribas.
A Bovespa atingiu há uma semana seu mais elevado nível
histórico, ao alcançar os 58.124
pontos. Como a pontuação representa o valor das ações, o nível recorde mostra que nunca
antes as ações estiveram tão valorizadas. Dessa forma, em um
dia como ontem, os investidores não hesitaram em se desfazer de ações dos mais variados
segmentos -tanto que todos os
59 papéis do Ibovespa terminaram em queda.
Durante o pregão de ontem, a
Bovespa chegou a cair 6,02%.
Na semana, a Bolsa está com
baixa acumulada de 6,18%, mas
no ano opera em alta de 21,18%.
Ontem, o dólar teve sua
maior alta diante do real em um
dia desde maio de 2006 e fechou a R$ 1,927 -a maior cotação desde 29 de junho.
Essa escalada do dólar não
intimidou o Banco Central, que
não deixou de realizar na tarde
de ontem leilão para comprar a
moeda. O movimento intensifica a formação de reservas internacionais, que já estão em US$
154,6 bilhões. Muito criticadas,
elas agora ajudam a conter os
efeitos da turbulência.
"O dólar subiu como há tempos não ocorria. Mas entendo
que o movimento de hoje [ontem] foi pontual. Pode até se arrastar por alguns dias, mas as
cotações ainda tendem a recuar
em breve", avalia Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação.
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