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VESTUÁRIO
Para enfrentar crise financeira, empresa enxuga operações e fabrica jeans para as outras grifes
Staroup produz peças para concorrentes
da Reportagem Local
Se você não pode enfrentar a
concorrência, junte-se a ela. A estratégia foi seguida ao pé da letra
pela Staroup, grife brasileira de
jeans, que ainda aguarda decisão
judicial para sair da concordata.
A Staroup, que em 96 passou a
ser controlada pela Atra, empresa
inglesa que administra fundos de
pensão, viu apenas uma saída para
atuar no mercado de jeans. Dividir
a produção entre a marca Staroup
e as de outras grifes.
A queda das vendas e o consequente aumento dos estoques colocaram a Staroup, fundada em 56
pela família Gordon, em dificuldades financeiras. Em 92, a empresa
pediu concordata por conta de
uma dívida de US$ 17 milhões.
"Já pagamos esse débito e só
não saímos da concordata porque
alguns bancos discordaram da
correção monetária. Em um ano,
tudo deve estar resolvido", diz Álvaro Pontes, diretor-presidente.
Para enfrentar a crise financeira,
a Staroup foi obrigada a encolher.
A empresa tinha quatro fábricas
de jeans. Agora só tem duas nas
cidades de Botucatu (SP) e Avaré
(SP) e, ainda assim, a produção foi
entregue às cooperativas.
A Staroup chegou a empregar
2.500 pessoas no início da década e
hoje só tem 150 funcionários.
"Fornecemos a tecnologia e as
cooperativas produzem para nós e
para terceiros sob a nossa orientação."
A Staroup fabrica anualmente
cerca de 2,5 milhões de peças por
ano -metade com a sua marca e
metade com as de terceiros. Na década de 80, ela chegou a fazer 3,5
milhões de jeans com a sua marca.
Na época, lembra Pontes, a empresa vendia grandes volumes para alguns magazines. Agora, a Staroup está trabalhando com cerca
de 3.500 lojas no país. "Na década
de 80, 50% da produção era vendida para um ou dois clientes."
A Staroup, segundo Pontes, vai
vender neste ano volumes menores do que os do ano passado, mas
faturar e lucrar mais. "Produzir
para outras marcas é mais rentável. Na verdade, não vendemos a
produção, mas a gestão do sistema, que vai desde a compra de
matéria-prima até a colocação dos
produtos nas transportadoras."
Novas encomendas
A Staroup está de olho nas encomendas dos seus mais importantes concorrentes -Levi's e Lee-,
marcas que, segundo Pontes, detém juntas 40% do mercado norte-americano de jeans. "Elas querem ter presença maciça também
aqui no Brasil e nós queremos ser
parceiros deles."
A marca Staroup, diz, vai continuar no mercado, mas não tem a
pretensão de competir em pé de
igualdade. "Achamos que não haverá crescimento da nossa marca
em jeans, mas, sim, em outras linhas."
A empresa vai lançar em agosto
uma coleção de camisetas com a
sua marca, que está sendo produzida por uma malharia. A previsão
é vender 500 mil unidades anuais
(R$ 5 milhões).
A Staroup diz não ter ousadia
para competir nos jeans, mas lançou uma marca no início deste
ano para o público que gosta da
linha country. A Ranger é assinada
pela dupla sertaneja Chitãozinho e
Xororó. No primeiro ano, a estratégia da empresa é vender 200 mil
dessas calças.
(FÁTIMA FERNANDES)
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