São Paulo, segunda, 27 de julho de 1998

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VESTUÁRIO
Para enfrentar crise financeira, empresa enxuga operações e fabrica jeans para as outras grifes
Staroup produz peças para concorrentes

da Reportagem Local

Se você não pode enfrentar a concorrência, junte-se a ela. A estratégia foi seguida ao pé da letra pela Staroup, grife brasileira de jeans, que ainda aguarda decisão judicial para sair da concordata.
A Staroup, que em 96 passou a ser controlada pela Atra, empresa inglesa que administra fundos de pensão, viu apenas uma saída para atuar no mercado de jeans. Dividir a produção entre a marca Staroup e as de outras grifes.
A queda das vendas e o consequente aumento dos estoques colocaram a Staroup, fundada em 56 pela família Gordon, em dificuldades financeiras. Em 92, a empresa pediu concordata por conta de uma dívida de US$ 17 milhões.
"Já pagamos esse débito e só não saímos da concordata porque alguns bancos discordaram da correção monetária. Em um ano, tudo deve estar resolvido", diz Álvaro Pontes, diretor-presidente.
Para enfrentar a crise financeira, a Staroup foi obrigada a encolher. A empresa tinha quatro fábricas de jeans. Agora só tem duas nas cidades de Botucatu (SP) e Avaré (SP) e, ainda assim, a produção foi entregue às cooperativas.
A Staroup chegou a empregar 2.500 pessoas no início da década e hoje só tem 150 funcionários. "Fornecemos a tecnologia e as cooperativas produzem para nós e para terceiros sob a nossa orientação."
A Staroup fabrica anualmente cerca de 2,5 milhões de peças por ano -metade com a sua marca e metade com as de terceiros. Na década de 80, ela chegou a fazer 3,5 milhões de jeans com a sua marca.
Na época, lembra Pontes, a empresa vendia grandes volumes para alguns magazines. Agora, a Staroup está trabalhando com cerca de 3.500 lojas no país. "Na década de 80, 50% da produção era vendida para um ou dois clientes."
A Staroup, segundo Pontes, vai vender neste ano volumes menores do que os do ano passado, mas faturar e lucrar mais. "Produzir para outras marcas é mais rentável. Na verdade, não vendemos a produção, mas a gestão do sistema, que vai desde a compra de matéria-prima até a colocação dos produtos nas transportadoras."

Novas encomendas
A Staroup está de olho nas encomendas dos seus mais importantes concorrentes -Levi's e Lee-, marcas que, segundo Pontes, detém juntas 40% do mercado norte-americano de jeans. "Elas querem ter presença maciça também aqui no Brasil e nós queremos ser parceiros deles."
A marca Staroup, diz, vai continuar no mercado, mas não tem a pretensão de competir em pé de igualdade. "Achamos que não haverá crescimento da nossa marca em jeans, mas, sim, em outras linhas."
A empresa vai lançar em agosto uma coleção de camisetas com a sua marca, que está sendo produzida por uma malharia. A previsão é vender 500 mil unidades anuais (R$ 5 milhões).
A Staroup diz não ter ousadia para competir nos jeans, mas lançou uma marca no início deste ano para o público que gosta da linha country. A Ranger é assinada pela dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. No primeiro ano, a estratégia da empresa é vender 200 mil dessas calças. (FÁTIMA FERNANDES)



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