|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONSUMIDOR
Meta é acelerar regras de transição de contratos antigos para os novos
Governo tenta evitar abusos na troca de planos de saúde
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, disse ontem que o governo
tentará acelerar o processo de negociação das mudanças de regras
dos planos de saúde. A meta é encontrar uma saída que permita a
migração mais rápida de contratos assinados antes da legislação
de 1998 para normas atuais sem
aumentos excessivos de preços.
Essa seria uma das alternativas
para evitar prejuízos aos usuários
de planos de saúde que serão afetados pela decisão do Supremo
Tribunal Federal. De acordo com
dados da ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar), dos 35,31
milhões usuários de planos, 22,62
milhões (64,1%) assinaram os
seus contratos antes de 1998.
Costa também ameaçou utilizar
o que chamou de "mecanismos"
para coibir eventuais abusos que
venham a ser praticados pelas administradoras de planos de saúde
enquanto o governo não encontra
uma regra de transição.
Entre esses "mecanismos", ele
citou a possibilidade de edição de
medida provisória ou envio de
projeto de lei ao Congresso para
tratar, entre outros, de normas
para a migração.
O STF concedeu, na semana
passada, uma liminar suspendendo parte da lei 9.656/98 que beneficiava os consumidores cujos
contratos foram firmados antes
de ela entrar em vigor.
Com a decisão, caiu, por exemplo, um dispositivo que obrigava
operadoras de planos a obter autorização prévia da ANS para reajustar as mensalidades de usuários com idade acima de 60 anos.
Por decisão unânime, os ministros entenderam que a lei não poderia ter retroagido para alterar os
contratos preexistentes.
Até hoje, a maioria dos usuários
manteve o contrato nas normas
antigas porque a migração implica reajuste de preços, inclusive
por ampliar a cobertura de atendimento. Antes da liminar, que
terá validade após a publicação,
esses usuários também estavam
assegurados pela atual legislação.
Novas medidas
Ontem à noite, haveria uma
reunião na Secretaria de Direito
Econômico, ligada ao Ministério
da Justiça, para discutir medidas a
serem adotadas para garantir os
direitos dos usuários.
"Não vamos aceitar que [as empresas] venham recuperar eventuais perdas que possam ter acontecido por conta da mudança dos
critérios de reajuste. Vamos discutir os mecanismos para isso",
afirmou Costa, após audiência
pública na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Planos
de Saúde.
Para o ministro, uma alternativa
seria a migração coletiva, ou seja,
as mudanças de contrato não seriam feitas individualmente, o
que poderia reduzir o custo. Além
disso, um possível reajuste poderia ser diluído em um período a
ser determinado.
"Tenho certeza de que não será
preciso usar os mecanismos que
temos porque essas empresas têm
responsabilidade social e entendem o momento que o país está
vivendo", disse Costa.
Aos deputados da CPI, o ministro afirmou que outra proposta
discutida no Fórum de Saúde Suplementar é a criação de uma câmara arbitral, para facilitar as negociações com as operadoras.
O fórum, composto por entidades e governo, foi criado no primeiro semestre para discutir novas regras para os planos de saúde. Até outubro, deve entregar
um documento com sugestões de
mudanças. Na mesma época, a
CPI deve encerrar seus trabalhos.
Na audiência pública, Costa defendeu ainda a ANS, dizendo que
a agência reguladora é fundamental, mas "não pode ser formuladora de políticas públicas". Voltou a
afirmar também que o mercado
de planos de saúde não pode ser
livre, mas precisa de regulamentação do governo.
Texto Anterior: Luís Nassif: O diplomata e o frei Próximo Texto: Frases Índice
|