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MONTADORAS
Enquanto o imposto foi reduzido em 3%, queda média nos preços de carros atingiu 1,14%, aponta pesquisa
IPI menor não chega 100% ao comprador
MAELI PRADO
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de 3% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis de até
2.000 cilindradas não chegou
completamente ao consumidor,
ao contrário do que fora anunciado por montadoras e concessionárias no início deste mês.
Levantamento realizado pela
AutoInforme/Molicar, no período de 30 de julho a 20 de agosto,
mostra que a queda média nos
preços dos veículos como resultado da redução no imposto foi de
1,14%. A empresa pesquisou as
cotações reais de automóveis das
linhas 2003 e 2004 em cerca de
cem revendas da Grande SP.
Em nenhuma marca a queda
média de preços chegou a 3%. Os
veículos de até 2.000 cilindradas
da Toyota foram os que tiveram
maior retração: 2,69%.
Os preços das principais marcas
tiveram quedas menores, segundo a pesquisa. Os veículos Chevrolet tiveram queda média de
2,55%. O Celta 1.0, por exemplo,
que custava R$ 15.800 antes da redução, era vendido em média por
R$ 15.500 -recuo de 1,9%.
Um dos modelos do Fiesta 1.0
aumentou 4,21%. A retração da
marca Ford foi de 1,59%. A queda
média da Volkswagen foi de
1,13%. Da Fiat, de 1,07%.
Quando o IPI foi reduzido, as
montadoras afirmaram que a
queda seria repassada sobre os
preços com descontos (bônus)
que oferecem geralmente para as
revendas. Ou seja, a queda nos
preços deveria ser de 3%.
O problema, apontam especialistas, é que o bônus da linha 2004,
que está chegando ao mercado
neste mês, não está sendo mantido em muitos casos.
"Os modelos 2004 estão entrando no mercado com aumento de
preço e extinção ou redução de
bônus oferecidos pelas montadoras", diz Vitor Meizikas Filho, responsável pela área de avaliação de
veículos da Molicar.
Além disso, para as concessionárias ouvidas pela Folha, a queda nos preços dos carros pode
não ter sido tão expressiva porque
as lojas já ofereciam descontos
aos consumidores antes da redução do imposto.
Ou seja, a queda de 3% no IPI
acabou tendo pouco impacto no
preço final dos carros na medida
em que as revendedoras retiraram ou diminuíram os descontos
que concediam para os clientes.
"As lojas estavam oferecendo
grandes descontos -entre 10% e
12%- antes da redução do IPI.
Agora, o preço detectado pela
pesquisa é um preço de partida.
Os consumidores conseguem reduções bem maiores de preços na
hora de negociar com as lojas. E
essa redução pode ser até maior
do que a que foi dada no IPI", afirma Rubens Carvalho, presidente
da Associação Brasileira dos Concessionários Fiat (Abracaf).
Ele confirma que a linha de veículos 2004 custa mais caro do que
a 2003 porque a montadora retirou o bônus que oferecia nos modelos deste ano -da ordem de R$
400 por veículo. Na versão 2004,
diz, a Fiat só lançou o Uno. "O
Uno 2004 custa um pouco mais
caro porque a montadora retirou
o bônus", afirma Carvalho.
Algumas concessionárias desmentem a pesquisa. A Associação
Brasileira de Distribuidores da
Volks (Assobrav), que reúne pouco mais de 600 concessionárias,
informa, por meio da assessoria
de imprensa, que "a redução de
preços de 3% foi linear em toda a
linha Volks para favorecer principalmente os modelos populares".
A Sabrico, rede com três lojas,
informa que os preços dos carros
caíram para o consumidor 3%
por conta da redução do IPI.
"A fábrica repassou a redução
do IPI para os preços e nós repassamos para os consumidores",
diz Teles Varlei Zolezi, supervisor
da Sabrico. William Floriano, gerente da Highway, revenda da
Ford, afirma que os preços dos
carros caíram entre R$ 500 e R$
1.500 com a redução do IPI.
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