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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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MONTADORAS

Enquanto o imposto foi reduzido em 3%, queda média nos preços de carros atingiu 1,14%, aponta pesquisa

IPI menor não chega 100% ao comprador

MAELI PRADO
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução de 3% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis de até 2.000 cilindradas não chegou completamente ao consumidor, ao contrário do que fora anunciado por montadoras e concessionárias no início deste mês.
Levantamento realizado pela AutoInforme/Molicar, no período de 30 de julho a 20 de agosto, mostra que a queda média nos preços dos veículos como resultado da redução no imposto foi de 1,14%. A empresa pesquisou as cotações reais de automóveis das linhas 2003 e 2004 em cerca de cem revendas da Grande SP.
Em nenhuma marca a queda média de preços chegou a 3%. Os veículos de até 2.000 cilindradas da Toyota foram os que tiveram maior retração: 2,69%.
Os preços das principais marcas tiveram quedas menores, segundo a pesquisa. Os veículos Chevrolet tiveram queda média de 2,55%. O Celta 1.0, por exemplo, que custava R$ 15.800 antes da redução, era vendido em média por R$ 15.500 -recuo de 1,9%.
Um dos modelos do Fiesta 1.0 aumentou 4,21%. A retração da marca Ford foi de 1,59%. A queda média da Volkswagen foi de 1,13%. Da Fiat, de 1,07%.
Quando o IPI foi reduzido, as montadoras afirmaram que a queda seria repassada sobre os preços com descontos (bônus) que oferecem geralmente para as revendas. Ou seja, a queda nos preços deveria ser de 3%.
O problema, apontam especialistas, é que o bônus da linha 2004, que está chegando ao mercado neste mês, não está sendo mantido em muitos casos.
"Os modelos 2004 estão entrando no mercado com aumento de preço e extinção ou redução de bônus oferecidos pelas montadoras", diz Vitor Meizikas Filho, responsável pela área de avaliação de veículos da Molicar.
Além disso, para as concessionárias ouvidas pela Folha, a queda nos preços dos carros pode não ter sido tão expressiva porque as lojas já ofereciam descontos aos consumidores antes da redução do imposto.
Ou seja, a queda de 3% no IPI acabou tendo pouco impacto no preço final dos carros na medida em que as revendedoras retiraram ou diminuíram os descontos que concediam para os clientes.
"As lojas estavam oferecendo grandes descontos -entre 10% e 12%- antes da redução do IPI. Agora, o preço detectado pela pesquisa é um preço de partida. Os consumidores conseguem reduções bem maiores de preços na hora de negociar com as lojas. E essa redução pode ser até maior do que a que foi dada no IPI", afirma Rubens Carvalho, presidente da Associação Brasileira dos Concessionários Fiat (Abracaf).
Ele confirma que a linha de veículos 2004 custa mais caro do que a 2003 porque a montadora retirou o bônus que oferecia nos modelos deste ano -da ordem de R$ 400 por veículo. Na versão 2004, diz, a Fiat só lançou o Uno. "O Uno 2004 custa um pouco mais caro porque a montadora retirou o bônus", afirma Carvalho.
Algumas concessionárias desmentem a pesquisa. A Associação Brasileira de Distribuidores da Volks (Assobrav), que reúne pouco mais de 600 concessionárias, informa, por meio da assessoria de imprensa, que "a redução de preços de 3% foi linear em toda a linha Volks para favorecer principalmente os modelos populares".
A Sabrico, rede com três lojas, informa que os preços dos carros caíram para o consumidor 3% por conta da redução do IPI.
"A fábrica repassou a redução do IPI para os preços e nós repassamos para os consumidores", diz Teles Varlei Zolezi, supervisor da Sabrico. William Floriano, gerente da Highway, revenda da Ford, afirma que os preços dos carros caíram entre R$ 500 e R$ 1.500 com a redução do IPI.


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