|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM TRANSE
Nos EUA, analistas de bancos criticam falta de "fatos concretos" em fala do ministro, que responde duramente
Mercado é ignorante e ganancioso, diz Malan
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que "uma ganância infecciosa", "um medo infeccioso" e "uma ignorância" do
mercado financeiro explicam a
reação exagerada dos bancos
-refletida na depreciação do
real- em relação ao Brasil.
O discurso duro de Malan foi
em resposta a comentários e perguntas críticas feitas ao ministro
brasileiro por analistas de bancos
estrangeiros, em um seminário
promovido em Washington pelo
Banco Mundial. O economista
para mercados emergentes do
Deustche Bank, Leonardo Leiderman, disse que o mercado não vai
reagir somente "a promessas",
mas a fatos concretos.
Ele se referiu aos anúncios feitos
pelos quatros candidatos à Presidência, que se comprometeram a
respeitar aspectos econômicos
previstos no acordo do Brasil com
Fundo Monetário Internacional.
O compromisso assumido pelos
candidatos tem sido um dos principais argumentos usados por
Malan no exterior para tentar desfazer a preocupação de banqueiros e investidores quanto ao futuro do país. Leiderman acrescentou que o mercado reage "somente a fatos". "Tem algo que aprendi
há muitos anos, que os mercados
são dirigidos por uma combinação de ganância, às vezes uma ganância infecciosa, como nos disse
o senhor Alan Greenspan [presidente do Fed, o banco central
americano"; pelo medo, às vezes
por um medo contagioso, como
estamos observando agora; e ignorância, nunca uma ignorância
contagiosa, apenas, felizmente,
um pequeno nível de ignorância,
porque existem analistas muito
sofisticados entre os participantes
do mercado", disse Malan.
Na opinião de Leiderman, que
considera a Colômbia mais "amigável" para receber investimentos
do que o Brasil, para haver mais
tranquilidade no mercado brasileiro após as eleições, é preciso
"não só estabilizar a relação dívida/PIB [Produto Interno Bruto"
mas também melhorar esse indicador", ou seja, tornar a proporção da dívida menor em relação à
capacidade do país de gerar riqueza. Pelos dados de julho, a dívida chegou a 62% do PIB.
O analista do banco suíço UBS
Warburg, Michael Gavin, também afirmou que a dinâmica da
dívida brasileira em relação ao
PIB é preocupante.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: A Frase Índice
|