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LUÍS NASSIF
A queda da vulnerabilidade externa
Economista do BNDES
(Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Fábio Giambiagi chama a
atenção para um fato positivo,
ainda não assimilado pelo mercado internacional: a vulnerabilidade externa brasileira poderá estar superada no prazo
máximo de dois anos.
Até agosto, o déficit em conta
corrente brasileiro, em 12 meses,
estava em US$ 15,2 bilhões, basicamente reduzido em razão do
bom desempenho da balança
comercial. Em setembro do ano
passado o superávit comercial
brasileiro foi de US$ 600 milhões, contra mais de US$ 2 bilhões em setembro de 2002. Significa uma redução de quase
US$ 1,5 bilhão no déficit em conta corrente, que terminaria o
mês na faixa de US$ 14 bilhões.
Em outubro, novembro e dezembro de 2001 os superávits comerciais foram, respectivamente, de US$ 250 milhões, US$ 300
milhões e US$ 850 milhões.
Para o próximo trimestre, os
saldos deverão ser substancialmente maiores, em comparação
com o ano passado, com exceção de dezembro. Por isso, mantidos inalterados os demais fatores, muito provavelmente o ano
terminará com um déficit em
conta corrente da ordem de US$
13 bilhões. Com o PIB em US$
450 bilhões, o déficit estará em
menos de 3%.
Com a economia mundial melhorando um pouco, a atividade
interna ainda travada, o câmbio médio melhor do que em
2001 e a economia Argentina
melhorando um pouco, pode-se
apostar em um superávit comercial melhor ainda em 2003,
talvez na faixa de US$ 12 bilhões
a US$ 13 bilhões, embora sem o
salto ocorrido em 2002. Ou seja,
o governo terá dado uma volta
de 360 ao levar de volta o país
ao superávit comercial anual
que recebeu em 1994.
Em 2003 ainda se terá crédito
externo escasso, por conta das
mudanças políticas no país e do
quadro de guerra internacional.
O dinheiro do FMI servirá para
a travessia. Para 2004, à medida
que vá caindo a ficha da comunidade financeira internacional
e que o novo governo garanta a
consistência das metas macroeconômicas, é possível que a vulnerabilidade externa seja ultrapassada. Ou antes disso, à medida que o mercado internacional
se dê conta da magnitude do
ajuste efetuado.
Cambiais
O dólar tem reagido à decisão
do Banco Central de não rolar
os títulos cambiais que estão
vencendo. Ontem, o diretor de
Política Monetária da instituição, Luiz Fernando Figueiredo,
anunciou a rolagem parcial dos
cambiais, no próximo vencimento. Há que tomar cuidado.
Se os cambiais forem rolados às
taxas de juros atuais -câmbio
mais 30%-, o impacto negativo será muito maior do que a
pressão do mercado sobre o dólar, sem a rolagem.
É preferível segurar os nervos
agora, não comprometer o custo
da dívida cambial e procurar
atuar no câmbio depois de passadas as eleições.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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