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Brasil é principal foco de contágio na América Latina, diz agência
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A atual crise da economia brasileira é o principal responsável pelo contágio das economias dos
países da América Latina. A conclusão é de relatório especial elaborado pela agência classificadora de risco Fitch e divulgado ontem.
Intitulado "Contágio: Quais
Mercados Emergentes São Mais
Vulneráveis?", o levantamento faz
o ranking de 26 economias emergentes de acordo com sua vulnerabilidade ao contágio financeiro.
Estão fora da classificação Argentina, Brasil e Turquia, que são
apontados como os principais difusores do contágio.
Todos os países da América Latina que recebem classificações da
Fitch ficaram nas duas primeiras
categorias, "vulnerabilidade alta"
ou "vulnerabilidade moderada".
Entre os dez primeiros colocados,
seis são países da região, liderados
por Colômbia, Uruguai, Venezuela, Panamá, México e El Salvador.
O relatório exclui do contágio
brasileiro apenas dois países sul-americanos, Chile e Peru, que estão em melhor situação econômica e com menos exposição à crise
do Brasil. Completam a lista dos
mais vulneráveis Líbano, Tunísia,
Ucrânia e Romênia, que estariam
expostos à crise turca.
Na categoria "vulnerabilidade
mínima" aparecem os países
emergentes asiáticos, avaliados
pela empresa como mais capacitados a absorver choques externos devido a seus fortes balanços
patrimoniais externos. Na mesma
categoria comparecem Rússia e
Bulgária, apontados como regiões
com boa liqüidez externa.
Para os economistas Roger M.
Scher e Morgan C. Harting, a primazia do Brasil como principal
difusor de contágio advém da exposição dos investidores internacionais e dos bancos, que é maior
no país, e do fato de bancos espanhóis e norte-americanos que investiram pesadamente no país serem também os maiores credores
do restante da América Latina,
principalmente do México.
Critérios
Vários itens compõem o critério
de classificação de vulnerabilidade, entre eles: a adequação das reservas internacionais e dos mercados financeiros domésticos; a
suscetibilidade do país a mudanças de sentimento do investidor,
tanto no mercado de dívida quanto entre os grandes bancos internacionais; e a comparação com
seus pares regionais.
Entre as conclusões gerais do
relatório está a que a capacidade
dos mercados emergentes de absorver choques é maior do que
em 1997. Isso porque, em conjunto, os países cobertos pela classificação têm reservas internacionais
oficiais de cerca de US$ 732 bilhões, contra US$ 467 bilhões de
pagamentos de dívida externa
-incluindo aí a dívida de curto
prazo- com vencimento para o
ano que vem.
Isso não ocorria na crise financeira de seis anos atrás, quando as
reservas somavam US$ 480 bilhões e a dívida externa vencendo
em 1998 batia os US$ 490 bilhões.
Mesmo assim, a América Latina
apresenta situação preocupante,
pois a maior parte do superávit
das reservas dos países apontados
pelo relatório de ontem se encontra nos países da Ásia.
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