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Köhler se refere a Lula como virtual vencedor
DE WASHINGTON
O diretor-gerente do FMI,
Horst Köhler, referiu-se ontem a
Luiz Inácio Lula da Silva como se
o candidato do PT já tivesse vencido a disputa presidencial.
Ao dizer quais conselhos daria
ao próximo presidente brasileiro,
Köhler disse: "Ele já deixou claro
publicamente que apóia os elementos centrais do programa que
nós temos com o Brasil. Acho que
isso é uma boa novidade, porque
vai demonstrar continuidade em
áreas cruciais de política econômica, de uma política econômica
sólida. Então, estou convencido
de que veremos uma transição
suave, uma boa transição administrativa, para, então provar que
o Brasil irá continuar sua política
econômica e, por outro lado, provar que foi correto apoiar o Brasil
nessa situação".
Köhler cometeu o aparente ato
falho durante entrevista que antecede a reunião anual do FMI e do
Banco Mundial, que começa oficialmente amanhã.
Embora não tenha mencionado
expressamente Lula nessa resposta, ficou claro que Köhler referia-se ao candidato petista pelo conteúdo da resposta à pergunta seguinte sobre a economia brasileira. Talvez percebendo o deslize
anterior, Köhler declarou: "O que
ouço dos candidatos, de todos os
candidatos, incluindo o sr. Lula, é
que ele quer explorar esse potencial de crescimento".
Essa e outras várias referências
ao candidato do PT (expressas e
implícitas), todas feitas ontem em
Washington, projetam Lula como
um dos principais personagens
do encontro do Fundo.
O secretário do Tesouro dos
EUA, Paul O'Neill, não caiu na
mesma armadilha que vitimou
Köhler. Indagado sobre o relacionamento do Tesouro com um
"quase inevitável governo Lula",
O'Neill disse: "O que sei das eleições brasileiras é que elas se realizarão no dia 6 de outubro e que, se
o candidato com o maior número
de votos não obtiver mais de 50%
dos votos válidos, haverá um segundo turno".
Pessimismo
Durante seminário patrocinado
pelo Banco Mundial, Michael Gavin, analista do UBS Warburg,
banco suíço, expressou seu pessimismo com a política econômica
de um eventual governo Lula.
"Concordo que haja lógica na
visão de que o governo que vai entrar terá de respeitar a vontade da
população, que quer estabilidade.
Mas também há dúvidas sobre a
habilidade e a vontade de um governo do PT de manter as políticas necessárias. (MARCIO AITH)
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