São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

G-7 sugere fórmula para calote de emergentes

DE WASHINGTON

Representantes do G-7 tentaram convencer ontem seis países emergentes e vinte dos maiores bancos do mundo a adotarem uma espécie de "cláusula do calote" para as dívidas nacionais.
Numa reunião realizada na sede do Tesouro americano, o grupo das sete maiores economias do mundo sugeriu aos governos de Brasil, México, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul e China a inclusão de "cláusulas de ação coletiva" na emissão de seus títulos no mercado internacional.
A cláusula de ação coletiva permite a governos endividados convocar credores para uma renegociação ordenada dos valores dos títulos, sem ter de obter a aprovação unânime de todos, mas apenas de uma maioria.
Pelos contratos atuais que regulam a compra de títulos nos principais mercados mundiais, um único credor tem o direito e o poder de impedir um país de renegociar com seus credores, ainda que a maioria aceite um acordo.
Na reunião de ontem, discutiu-se também a hipótese polêmica de incluir essas cláusulas não só nas futuras emissões, mas também nos contratos referentes ao estoque das dívidas já existentes de países emergentes: um total de US$ 244 bilhões.
Essa é a principal proposta dos EUA para facilitar a solução de crises dos países em desenvolvimento. Para os críticos dessa proposta, todo mecanismo que facilite o calote reduz o interesse por títulos de emergentes, aumentando o custo dos empréstimos. Inicialmente, o governo brasileiro foi um dos principais críticos da idéia. Ontem, o diretor do governo brasileiro no FMI, Murilo Portugal, reiterou a preocupação brasileira, mas admitiu que o país aceitaria, em tese, adotar essa cláusula, desde que algumas condições sejam respeitadas.
"Em tese, aceitamos (a adoção da cláusula) dentro de um contexto que seja combinado com participantes do mercado e de outros países emergentes", disse Portugal à Folha.
"Por uma questão de prática de mercado, os bônus que são emitidos nos EUA não têm essa cláusula. Então, achamos que, como os emissores são sempre os mesmos e os compradores são sempre os mesmos, o preço não deveria variar muito se as cláusulas fossem as mesmas das de Londres (que aceita um tipo de renegociação.)


Texto Anterior: Köhler se refere a Lula como virtual vencedor
Próximo Texto: Diretor lamenta troca de farpas com Lavagna
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.