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Juízes reagem contra produto liberado
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A edição da medida provisória
que libera o plantio de soja transgênica provocou forte reação contrária, particularmente de associações de classe de juízes e de
membros do Ministério Público.
Os protestos partiram da Ajufe
(Associação dos Juízes Federais
do Brasil), da ANPR (Associação
Nacional dos Procuradores da
República) e da Abrampa (Associação Brasileira do Ministério
Público de Meio Ambiente).
A reação foi provocada por razões políticas, como a defesa por
parte da Ajufe da validade de decisão judicial que proibiu o plantio da soja transgênica, embora as
entidades tenham apontado argumentos jurídicos contra a medida do governo.
Um ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) disse, em caráter reservado, que todas as instâncias judiciais estão obrigadas, a
partir de agora, a levar em consideração a nova MP quando forem
julgar processos relacionados ao
cultivo da soja transgênica.
Essa afirmação se choca com a
tese defendida pelos críticos da
MP de que essa iniciativa do governo implica descumprimento
da sentença da 6ª Vara da Justiça
Federal em Brasília, que havia
proibido o cultivo do produto.
O ministro citou norma do Código de Processo Civil (artigo 462)
que obriga o juiz a levar em conta
modificações nas leis. Ele disse
que a regra se aplica ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, onde tramita um recurso da
União e da empresa Monsanto
contra a sentença da 6ª Vara.
O presidente da Ajufe, Paulo
Sérgio Domingues, disse que o
governo reconheceu o risco de
dano ao meio ambiente ao inserir,
na MP, norma na qual responsabiliza os produtores de soja transgênica por eventual agressão ambiental. Isso implicaria violação
do princípio constitucional da
preservação do meio ambiente.
O presidente da ANPR, Nicolao
Dino, divulgou nota na qual afirma que a MP contraria a Constituição porque afasta a exigência
de Estudo de Impacto Ambiental
para o plantio de soja na próxima
safra e reconhece a possibilidade
de dano ao meio ambiente.
A Abrampa sustentou, também
por meio de nota, que a medida
fere princípios de precaução e de
responsabilidade ambiental inseridos em tratados internacionais.
Ontem, cerca de 150 manifestantes ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), ao sindicato dos funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) e a entidades de defesa do meio ambiente
fizeram um ato de apoio a Marina
e "abraçaram" o prédio do ministério. A ministra disse que "não
está em questão" sua saída do governo. Ao ser questionada estava
se sentindo derrotada, afirmou:
"Eu aprendi com o velho Chico
Mendes a fazer muitos embates".
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