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POLÊMICA
Versão errada é publicada (e depois corrigida), sem as sugestões do Meio Ambiente e mais explícita sobre royalties
MP errada expõe divisão sobre transgênicos
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A publicação da versão errada
da medida provisória que libera o
plantio de soja transgênica na
próxima safra expôs a divisão do
governo com relação ao assunto.
O texto errado não contemplava várias sugestões dadas pelo Ministério do Meio Ambiente e era
mais explícita sobre o pagamento
de royalties pelos produtores ou
fornecedores do produto.
Para corrigir o engano, o governo teve de publicar uma edição
extra do "Diário Oficial" da União
com a nova versão, incorporando
pontos que, mesmo incluídos no
texto da medida provisória divulgada pelo Palácio do Planalto na
noite de quinta-feira, não constavam na versão publicada ontem.
Segundo a Folha apurou, o texto publicado erradamente no
"Diário Oficial" era uma das versões que o vice-presidente José
Alencar não quis assinar por considerar que precisava de ajustes.
Trazia sua assinatura e a de José
Dirceu, que viajou na quinta-feira
para Cuba. Já o texto corrigido é
assinado por José Alencar e pelo
ministro-interino da Casa Civil,
Swedenberger Barbosa.
A assessoria de Alencar afirma
que a publicação do texto errado
ocorreu por uma falha técnica. A
equipe de documentação do Planalto enviou por engano para impressão a primeira versão. Foi
criada uma comissão para identificar o motivo do erro.
No caso dos royalties, a versão
errada da MP dizia: "É de exclusiva responsabilidade do produtor
ou fornecedor de soja o eventual
pagamento de indenização ao titular do direito de propriedade
industrial relativo à exploração
indevida de sementes de soja que
contenham organismo geneticamente modificado protegido pela
legislação em vigor".
Esse texto tornava mais fácil a
cobrança de royalties pela Monsanto, empresa que produz semente transgênica de soja. No
texto retificado, a versão ficou
mais amena: "Compete exclusivamente ao produtor de soja arcar
com os ônus decorrentes do plantio autorizado pelo artigo 1º desta
medida provisória, inclusive os
relacionados a eventuais direitos
de terceiros". Apesar de menos
objetiva, essa redação ainda permite a cobrança dos royalties.
A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente), contrária à liberação
da soja transgênica, disse que, assim que soube da publicação da
MP errada, ligou para Alencar.
O consultor jurídico do Ministério do Meio Ambiente, Gustavo
de Moraes Trindade, disse que ficou de fora da versão errada da
MP a obrigatoriedade de termo de
ajustamento de conduta também
para quem for plantar soja.
Outro ponto que não constava
na versão errada era a proibição
para o plantio de soja transgênica
em terras indígenas, áreas de conservação, de mananciais e de especial relevo para biodiversidade,
que serão definidas pelo Ministério do Meio Ambiente por meio
de portaria, além das punições
para o descumprimento da MP.
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