São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil cai em ranking de competitividade global

País fica em 66º, caindo 9 posições em relação a 2005; Suíça tira EUA da liderança

Desempenho fiscal ruim, altas taxas de juros e baixa qualidade das instituições prejudicam desempenho do país, diz Fórum Econômico


MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil tornou-se menos competitivo desde o ano passado, estima relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado ontem. Dentre 125 países analisados pela instituição, o Brasil ficou em 66º lugar, perdendo nove posições em relação ao relatório anterior, de 2005, quando ocupara a 57ª posição. A lista é liderada pela Suíça, seguida da Finlândia e da Suécia. Os EUA ficaram em 6º lugar, eram os primeiros em 2005.
A economia brasileira aparece atrás de países como o México (58º), China (54º), Índia (43º) e Chile (27º), o líder na América Latina. A despeito de toda a melhora alardeada pelo governo -o atual e os anteriores-, os desequilíbrios macroeconômicos estão entre os fatores que mais contribuíram para a piora do país no ranking.
A nova metodologia do Fórum considera nove pilares que contribuem para a melhora (ou piora) da competitividade. O Brasil obtém pior colocação, 114º, justamente no ranking do "pilar macroeconômico".
"O Brasil sofre com altos níveis de endividamento público", relata documento da ONG suíça. Mesmo admitindo que o desempenho fiscal brasileiro melhorou nos últimos anos, o relatório ressalta que "estas são melhoras sobre o próprio desempenho brasileiro medíocre do passado e não em comparação com o desempenho fiscal de outros países".
Além disso, o relatório menciona as "distorções do sistema financeiro", lembrando que as altas taxas de juros limitam o investimento e impedem a intermediação de recursos para pequenos e médios empreendimentos. "A taxa básica de juros está acima de 15% [quando o relatório foi redigido, hoje é de 14,25%], extremamente alta para os padrões internacionais, em um período em que as taxas de inflação em todo o mundo têm caído continuamente."
O Brasil vai mal também quando o quesito é a qualidade das instituições do país. Contribuem para o desempenho, segundo o documento, a dificuldade e a lentidão em abrir e fechar negócios, o excesso de burocracia, a percepção de que a corrupção é alta e a conseqüente desconfiança nas autoridades públicas e a existência de uma economia formal "enorme, perto de 40% do total".
Completa o grupo de fatores que mais pesam para o desempenho ruim do país no ranking a qualidade da educação. Na avaliação do relatório, a educação básica e secundária é caracterizada por baixa qualidade e grandes taxas de desistência, enquanto a educação superior pública tende a beneficiar as famílias de renda mais alta.
Vale lembrar que o indicador de competitividade tem pouco a ver com o desempenho comercial do país. Se é verdade que uma abertura comercial maior é considerada como ponto positivo, ela é apenas um de muitos fatores considerados.
Para o Fórum, a competitividade de um país é formada pelo conjunto de fatores que acabam determinando o nível de produtividade no país. Quanto maior esse nível, maiores são as taxas de retorno de investimentos e, portanto, maior a capacidade de crescer e melhorar a qualidade de vida.


Texto Anterior: Paulo Rabello De Castro: Eleições 2006: agenda das oposições
Próximo Texto: Outro lado: Mantega diz que dados são discrepantes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.