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MERCADO FINANCEIRO
Previsão do BC para ingressos estrangeiros neste ano, de US$ 10 bi, é considerada elevada por economistas
Investimento externo deve ser de US$ 8,5 bi
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Economistas consideram muito
alta a estimativa do Banco Central
de US$ 10 bilhões para o IED (investimento estrangeiro direto) no
fechamento do ano. Avaliam que
o número deverá ficar em torno
de US$ 8,5 bilhões, dada a debilidade do resultado líquido em setembro (US$ 739 milhões).
Uma reação mais forte daqueles
investimentos virá apenas com a
retomada do crescimento econômico doméstico, que, por sua vez,
depende de avanços nos marcos
regulatórios e de recuperação
mais forte do cenário externo, segundo analistas.
Apesar do fraco resultado, o ingresso de recursos registrado no
mês passado foi o maior do ano.
Operações de saída de investimento estrangeiro decorrentes da
venda de instituições financeiras
afetaram o resultado líquido de
investimento direto estrangeiro
líquido em setembro. O IDE líquido acumulado no ano até o mês
passado é de US$ 6,5 bilhões.
"Para este ano, acredito que
US$ 9 bilhões estejam de bom tamanho. No ano que vem, haverá
alguma recuperação, quem sabe
indo para a casa dos US$ 13 bilhões", diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
O Banco Prosper estima uma cifra menor para 2004, entre US$ 10
bilhões e US$ 12 bilhões.
"Não se vêem avanços regulatórios e com essa tributação de 40%
não dá para crescer. Além da capacidade ociosa ainda", diz Gustavo Alcântara, do Prosper.
Juros
Uma parcela do mercado observa que tesourarias têm feito apostas em quedas de juros mais
agressivas do que os departamentos de pesquisa dos bancos.
"Apesar de a maioria dos economistas afirmar que o BC cortaria um ponto percentual dos juros
antes do último Copom (Comitê
de Política Monetária), muitas tesourarias estavam posicionadas
para 1,5 ponto percentual", diz
Alexandre Póvoa, economista do
Banco Modal.
Para Alcântara, a disparidade de
apostas ocorreu até as vésperas da
reunião de setembro.
"Em outubro, não mais. Estamos perto do ajuste para acabar o
ano com Selic em torno de 17%,
17,5%. Antes, sim, se a dúvida era
entre 1,5 ou 2 pontos percentuais,
tesourarias estavam sempre na
ponta mais otimista [de qual seria
a decisão] do BC."
Ata
Com investidores à espera da
ata do Copom, para uma melhor
definição do cenário econômico
do BC, as taxas de juros, especialmente as curtas, devem variar
pouco, segundo analistas.
No documento que sai na quinta-feira, o BC deve identificar reaquecimento da atividade.
Também na quinta-feira será
conhecido o IGP-M (Índice Geral
de Preços de Mercado) de outubro. Estimativas giram em torno
de 0,38% a 0,50%. O FMI visita o
país nesta semana.
Cenário externo
O Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve ( o
Banco Central dos Estados Unidos), reúne-se amanhã. Os juros
deverão ser mantidos em 1%, segundo economistas, que estimam
que o Fed não sinalize aumento
dos juros no curto prazo.
Mesmo assim, os mercados se
assustaram e caíram na semana
passada, quando parte do comitê
do Banco da Inglaterra votou a favor da alta da taxa de juros.
"Lá as decisões não são unânimes como no BC", ironiza Póvoa.
Cresceu o temor de que a Europa
eleve os juros e promova a saída
de recursos dos EUA, o que dificultaria o financiamento dos déficits de lá e provocaria desvalorização do dólar.
"Todos sabem que o fim do ciclo cor-de-rosa para emergentes é
a inflexão dos juros nos EUA", diz
Luiz Antonio Vaz das Neves, da
Planner. Daí as vendas a qualquer
possível sinal. "Há sete portas para entrar e uma para sair."
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