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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Previsão do BC para ingressos estrangeiros neste ano, de US$ 10 bi, é considerada elevada por economistas

Investimento externo deve ser de US$ 8,5 bi

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas consideram muito alta a estimativa do Banco Central de US$ 10 bilhões para o IED (investimento estrangeiro direto) no fechamento do ano. Avaliam que o número deverá ficar em torno de US$ 8,5 bilhões, dada a debilidade do resultado líquido em setembro (US$ 739 milhões).
Uma reação mais forte daqueles investimentos virá apenas com a retomada do crescimento econômico doméstico, que, por sua vez, depende de avanços nos marcos regulatórios e de recuperação mais forte do cenário externo, segundo analistas.
Apesar do fraco resultado, o ingresso de recursos registrado no mês passado foi o maior do ano.
Operações de saída de investimento estrangeiro decorrentes da venda de instituições financeiras afetaram o resultado líquido de investimento direto estrangeiro líquido em setembro. O IDE líquido acumulado no ano até o mês passado é de US$ 6,5 bilhões.
"Para este ano, acredito que US$ 9 bilhões estejam de bom tamanho. No ano que vem, haverá alguma recuperação, quem sabe indo para a casa dos US$ 13 bilhões", diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
O Banco Prosper estima uma cifra menor para 2004, entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões.
"Não se vêem avanços regulatórios e com essa tributação de 40% não dá para crescer. Além da capacidade ociosa ainda", diz Gustavo Alcântara, do Prosper.

Juros
Uma parcela do mercado observa que tesourarias têm feito apostas em quedas de juros mais agressivas do que os departamentos de pesquisa dos bancos.
"Apesar de a maioria dos economistas afirmar que o BC cortaria um ponto percentual dos juros antes do último Copom (Comitê de Política Monetária), muitas tesourarias estavam posicionadas para 1,5 ponto percentual", diz Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal.
Para Alcântara, a disparidade de apostas ocorreu até as vésperas da reunião de setembro.
"Em outubro, não mais. Estamos perto do ajuste para acabar o ano com Selic em torno de 17%, 17,5%. Antes, sim, se a dúvida era entre 1,5 ou 2 pontos percentuais, tesourarias estavam sempre na ponta mais otimista [de qual seria a decisão] do BC."

Ata
Com investidores à espera da ata do Copom, para uma melhor definição do cenário econômico do BC, as taxas de juros, especialmente as curtas, devem variar pouco, segundo analistas.
No documento que sai na quinta-feira, o BC deve identificar reaquecimento da atividade.
Também na quinta-feira será conhecido o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) de outubro. Estimativas giram em torno de 0,38% a 0,50%. O FMI visita o país nesta semana.

Cenário externo
O Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve ( o Banco Central dos Estados Unidos), reúne-se amanhã. Os juros deverão ser mantidos em 1%, segundo economistas, que estimam que o Fed não sinalize aumento dos juros no curto prazo.
Mesmo assim, os mercados se assustaram e caíram na semana passada, quando parte do comitê do Banco da Inglaterra votou a favor da alta da taxa de juros.
"Lá as decisões não são unânimes como no BC", ironiza Póvoa. Cresceu o temor de que a Europa eleve os juros e promova a saída de recursos dos EUA, o que dificultaria o financiamento dos déficits de lá e provocaria desvalorização do dólar.
"Todos sabem que o fim do ciclo cor-de-rosa para emergentes é a inflexão dos juros nos EUA", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, da Planner. Daí as vendas a qualquer possível sinal. "Há sete portas para entrar e uma para sair."


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