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RECEITA ORTODOXA
Taxa média vai de 43,9% para 45,1% entre agosto e setembro; consumidor deve pagar mais no Natal, prevê BC
Juro bancário sobe pela 1ª vez desde março
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A taxa média de juros cobrada
pelos bancos passou de 43,9% ao
ano para 45,1%, entre agosto e setembro, segundo pesquisa do
Banco Central. Foi a primeira vez
desde março que o levantamento
indicou alta nas taxas praticadas
pelas instituições financeiras.
A alta ocorreu antes mesmo da
mais recente elevação da Selic (taxa básica), que passou neste mês
de 16,25% para 16,75% ao ano.
Por isso, o próprio BC estima
que a tendência é que os juros cobrados pelos bancos continuem
subindo. Os consumidores devem enfrentar taxas mais altas nas
suas compras de Natal neste ano.
Dados preliminares apurados
pelo BC mostram que os juros
bancários já haviam subido para
45,9% ao ano, em média, nas primeiras duas semanas deste mês.
Dada essa tendência, as compras a prazo devem ficar mais caras no Natal. "Provavelmente, o
que vai se observar é isso", disse
ontem o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes.
O setor varejista diz que não vai
elevar os juros. Temendo afugentar clientes, o comércio quer manter inalteradas as taxas, pelo menos até o início de 2005.
Nas modalidades de crédito para pessoas físicas, os juros do crediário foram os que mais subiram
entre agosto e setembro: passaram de 58,8% ao ano para 60,6%.
Ainda assim, Lopes afirmou não
acreditar que a alta dos juros prejudique as vendas do comércio
neste final de ano.
A elevação dos juros ocorrida
em setembro, segundo Lopes, é
conseqüência da alta do dólar no
mercado futuro, o que teria afetado os empréstimos corrigidos pelo câmbio que são concedidos a
empresas. Nessa modalidade, as
taxas cobradas passaram de
18,6% ao ano para 22,0% entre
agosto e setembro.
"Spread"
Foi em setembro que o BC elevou a Selic pela primeira vez desde o início de 2003. Como a decisão foi anunciada apenas no fim
do mês, o seu impacto nas taxas
cobradas pelos bancos no período
foi reduzido e só começou a aparecer com mais força em outubro.
Influenciado pela Selic, o custo
de captação dos bancos é a principal causa da recente elevação dos
juros bancários. O chamado
"spread" bancário -diferença
entre os juros pagos pelos bancos
para captar recursos e a taxa efetivamente cobrada dos clientes-
permaneceu praticamente estável
entre agosto e setembro, ao passar
de 27,5 pontos percentuais para
27,7 pontos no período.
Isso significa que, em setembro,
27,7 pontos percentuais dos juros
médios de 45,7% ao ano ficaram
com os bancos, que usaram a diferença para cobrir custos e para
compor sua margem de lucro.
Apesar dos juros mais elevados,
o volume de crédito oferecido pelos bancos continua crescendo.
No mês passado, o total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro somou R$ 460,294
bilhões -ou 26,3% do PIB (Produto Interno Bruto).
A inadimplência, por sua vez,
registrou uma pequena alta. No
mês passado, 7,5% dos empréstimos bancários estavam com parcelas atrasadas por, pelo menos,
15 dias. Em agosto, essa proporção estava em 7,2%.
Segundo Lopes, esse movimento se deve à greve dos bancários
que durou cerca de um mês. "Foi
um período em que as famílias
não tiveram acesso à rede bancária para quitar seus compromissos", disse. Entre pessoas físicas, a
inadimplência subiu de 12,8% para 13,3% entre agosto e setembro.
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