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RECEITA ORTODOXA
Comércio tentará evitar repasse da alta da Selic para os preços, no curto prazo, para preservar vendas de Natal
Grandes redes planejam "amortecer" juros
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, não deve
ter impacto nos juros cobrados
dos consumidores pelas grandes
redes de lojas. Magazine Luiza,
Casas Bahia, Ponto Frio, Lojas
Cem e rede Extra não vão mexer
nas taxas -pelo menos neste
mês. O Banco Central subiu os juros na semana passada.
As redes de lojas temem que
uma alta dos juros neste momento tenha um efeito negativo sobre
as intenções de compra dos consumidores neste final do ano. O
Natal é tradicionalmente o melhor período de vendas.
"Estamos absorvendo o aumento na Selic com os olhos voltados
para o Natal. Daqui para a frente
acompanharemos a forma com
que o mercado vai se posicionar e
aguardar a reunião da equipe econômica em novembro", diz Eliane Aleixo Lustosa, diretora financeira do Ponto Frio.
No próximo mês, o Copom
(Comitê de Política Monetária)
volta a se reunir para decidir se
eleva ou não as taxas. Na semana
passada, a alta foi de 0,5 ponto
percentual. A taxa básica de juros
da economia está em 16,75% ao
mês.
Na avaliação da executiva, se as
condições atuais se mantiverem e
se novos aumentos não ocorrerem, é possível que um aumento
nas taxas não ocorra neste ano.
Pelas contas de algumas redes de
comércio, cada vez que há um
anúncio de alta, o impacto da notícia para o consumidor provoca
uma queda em torno de 5% nas
vendas, dias após o comunicado.
A rede de lojas Magazine Luiza,
com 252 lojas, informa que não
mexe nos juros cobrados dos consumidores mesmo que a ata do
Copom (a ser divulgada nesta semana) dê a entender que a taxa
básica de juros da economia vai
continuar subindo.
A empresa reduziu os juros de
maio do ano passado até maio
deste ano, segundo informa a sua
assessoria de imprensa. Quando o
Copom elevou os juros, invertendo a tendência de queda, a rede
parou de mexer nas taxas, que hoje variam de 1,9% a 4,9% ao mês,
nos prazos de financiamento que
se estendem até 18 meses.
Com 388 pontos-de-venda, a
Casas Bahia também não pretende elevar os juros por enquanto,
segundo informa a sua assessoria
de imprensa. Michael Klein, diretor da cadeia varejista, já informou que essa questão ficou para
ser debatida novamente no próximo mês. A rede definiu a sua política de compra e venda para o final do ano e pretende manter sua
estratégia de promoções, afirma.
Isso significa, na prática, cobrar
juros menores e conceder mais
prazo de financiamento para alguns produtos, que são escolhidos semanalmente.
A Casas Bahia cobra em média
5,9% por mês nas compras financiadas. No caso de alguns produtos, essa taxa cai para 3,5% ao
mês, como para os itens eletroeletrônicos. Na linha de móveis, a rede chega a vender em até 20 vezes
sem juros. A Casas Bahia estima
faturar R$ 8 bilhões neste ano, dos
quais R$ 1 bilhão em dezembro.
No ano passado, a receita da empresa foi da ordem de R$ 6 bilhões. Na rede Extra, as taxas também foram mantidas.
Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), o aumento do custo
do crédito em setembro foi sentido sobretudo nos financiamentos
a pessoas jurídicas, para as quais a
taxa de juros cobrada passou de
28,8% para 30,4% ao mês, em média. No caso das pessoas físicas, a
variação foi de somente 0,2 ponto,
finalizando o mês com uma taxa
estável em 63,2%.
(ADRIANA MATTOS E FÁTIMA FERNANDES)
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