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ESTRUTURA
Sem licença, automóvel não desembarca; revendedora fica desabastecida
Greve do Ibama barra carro importado
DA REPORTAGEM LOCAL
O fim da greve dos funcionários
do Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), decidido
ontem, após 27 dias de paralisação, vai ajudar a desafogar os portos do país. As importadoras de
automóveis aguardavam pela decisão por conta das implicações
econômicas da greve.
O Ibama deixou de emitir uma
licença de importação para carros
fabricados no exterior desde que a
paralisação começou. Com isso,
cerca de 350 carros importados
não chegaram ao país pela falta do
documento durante o período em
que os empregados estiveram
com os braços cruzados.
A grande parte dos automóveis
produzidos na Ásia e Europa chega aos portos por meio de navios.
"A notícia [do fim da greve] é ótima. Mas ainda há problemas a resolver", diz Dino Arrigoni, diretor
de pós-venda da Kia Motors.
A questão é que os produtos
sem a licença ainda não estão no
Brasil, mas nos países de origem.
Com isso, após a emissão da licença, ainda levará cerca de 40
dias para que os automóveis cheguem ao país na viagem de navio.
Normalmente, as empresas lá fora encaminham a mercadoria para o Brasil no final de cada mês.
Agora será preciso aguardar a
chegada dos automóveis num
momento em que os estoques no
país já estão reduzidos -pois durante toda a paralisação as revendas nas capitais foram abastecidas
com unidades importadas que estavam estocadas no Brasil.
"Havia um estoque de dois meses, em média, na indústria importadora, mas ele foi se reduzindo. É necessária uma liberação rápida para que não tenhamos dificuldade de reabastecer as revendas agora", afirma Luiz Carlos
Mello, diretor executivo da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos
Automotores).
"As fábricas passaram por um
momento de troca de modelos de
carros e reduziram estoques. Nesse cenário, o fato da paralisação
agrava essa situação", diz Arrigoni, da Kia.
O Ibama precisa emitir esse documento porque ele é a garantia
ao mercado de que o produto
atende as normas de emissão de
poluentes no país. A greve atingiu
basicamente o setor automobilísticos porque é o segmento em que
é obrigatória a emissão da licença.
Apesar do fim da paralisação, os
servidores do Ibama decidiram
que o estado de greve continuará
até a assinatura do Termo de
Compromisso, com os pontos negociados entre governo e os funcionários, informa a assessoria de
imprensa do instituto.
Os empregados poderão realizar uma nova assembléia no dia 3
de novembro para discutir a possibilidade de retomar a paralisação, caso o documento não seja
assinado em 72 horas, informa.
Há uma expectativa de que neste ano o volume de automóveis
importados vendidos no país
(atacado) atinja 3.500 unidades
em 2004. É uma quantidade levemente inferior ao verificado em
2003 (3.700).
Com a greve, cerca de 350 carros
deixaram de entrar no país. Quem
mais perdeu foi a Kia, uma das
maiores importadoras atualmente.
(ADRIANA MATTOS)
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