São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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ESTRUTURA

Sem licença, automóvel não desembarca; revendedora fica desabastecida

Greve do Ibama barra carro importado

DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da greve dos funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), decidido ontem, após 27 dias de paralisação, vai ajudar a desafogar os portos do país. As importadoras de automóveis aguardavam pela decisão por conta das implicações econômicas da greve.
O Ibama deixou de emitir uma licença de importação para carros fabricados no exterior desde que a paralisação começou. Com isso, cerca de 350 carros importados não chegaram ao país pela falta do documento durante o período em que os empregados estiveram com os braços cruzados.
A grande parte dos automóveis produzidos na Ásia e Europa chega aos portos por meio de navios. "A notícia [do fim da greve] é ótima. Mas ainda há problemas a resolver", diz Dino Arrigoni, diretor de pós-venda da Kia Motors.
A questão é que os produtos sem a licença ainda não estão no Brasil, mas nos países de origem. Com isso, após a emissão da licença, ainda levará cerca de 40 dias para que os automóveis cheguem ao país na viagem de navio. Normalmente, as empresas lá fora encaminham a mercadoria para o Brasil no final de cada mês.
Agora será preciso aguardar a chegada dos automóveis num momento em que os estoques no país já estão reduzidos -pois durante toda a paralisação as revendas nas capitais foram abastecidas com unidades importadas que estavam estocadas no Brasil.
"Havia um estoque de dois meses, em média, na indústria importadora, mas ele foi se reduzindo. É necessária uma liberação rápida para que não tenhamos dificuldade de reabastecer as revendas agora", afirma Luiz Carlos Mello, diretor executivo da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores).
"As fábricas passaram por um momento de troca de modelos de carros e reduziram estoques. Nesse cenário, o fato da paralisação agrava essa situação", diz Arrigoni, da Kia.
O Ibama precisa emitir esse documento porque ele é a garantia ao mercado de que o produto atende as normas de emissão de poluentes no país. A greve atingiu basicamente o setor automobilísticos porque é o segmento em que é obrigatória a emissão da licença.
Apesar do fim da paralisação, os servidores do Ibama decidiram que o estado de greve continuará até a assinatura do Termo de Compromisso, com os pontos negociados entre governo e os funcionários, informa a assessoria de imprensa do instituto.
Os empregados poderão realizar uma nova assembléia no dia 3 de novembro para discutir a possibilidade de retomar a paralisação, caso o documento não seja assinado em 72 horas, informa.
Há uma expectativa de que neste ano o volume de automóveis importados vendidos no país (atacado) atinja 3.500 unidades em 2004. É uma quantidade levemente inferior ao verificado em 2003 (3.700).
Com a greve, cerca de 350 carros deixaram de entrar no país. Quem mais perdeu foi a Kia, uma das maiores importadoras atualmente. (ADRIANA MATTOS)


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