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IMPOSTOS
Estados definem as bases para a vigência dos atuais incentivos; agora, propostas precisam ser "harmonizadas"
Acordo poderá acabar com a guerra fiscal
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os secretários de Fazenda dos
Estados definiram ontem as bases
de um acordo para acabar com a
guerra fiscal, mas que deve prejudicar empresas que contam hoje
com benefícios para recolherem
menos impostos.
Pelo acerto, desenhado ontem
em reunião do Confaz (Conselho
Nacional de Política Fazendária),
os Estados estabelecerão prazo limite de vigência para os atuais incentivos fiscais.
Se for definido um prazo de dez
anos, uma empresa que tivesse
isenção de tributos por 20 anos,
por exemplo, perderia dez anos
de benefícios.
Segundo o secretário de Fazenda da Bahia, Albérico Mascarenhas, a partir do prazo limite, novos benefícios fiscais só poderiam
ser concedidos depois de aprovados pelo Confaz.
"Se algum Estado viesse a desrespeitar a decisão do Confaz, ou
conceder benefícios à sua revelia,
os demais Estados estariam automaticamente autorizados a não
reconhecer os benefícios."
Assim, um produto não poderia
ser vendido mais barato em outros Estados apenas por ter contado com benefícios fiscais em determinada fase de produção ou
comercialização.
As bases para o acordo foram
definidas ontem, mas ainda é preciso haver uma "harmonização"
das propostas, segundo Mascarenhas. Agrupados conforme as regiões do país, os Estados apresentarão na semana que vem propostas de como implementar o acordo, das quais constarão as sugestões para o prazo de vigência dos
atuais benefícios fiscais. "A idéia é
que até o dia 12 de novembro tenhamos definido tudo", disse.
A necessidade de entendimento
entre os Estados para acabar com
a guerra fiscal se intensificou nos
últimos meses, depois que São
Paulo anunciou, no final de julho,
que não aceitaria benefícios concedidos por outros Estados.
Por meio de comunicado, a Fazenda paulista decidiu rejeitar o
uso de créditos do ICMS de Estados que concedem incentivos fiscais não aprovados pelo Confaz.
Em represália, o Distrito Federal, prejudicado com a medida de
São Paulo, decidiu cobrar a diferença entre a alíquota cobrada pelo Estado de maneira a anular o
incentivo fiscal. Quem não pagasse a diferença teria a entrada dos
produtos barrada, mas isso não
aconteceu na prática.
Segundo Mascarenhas, uma vez
fechado o acordo, acabariam as
divergências entre São Paulo e outros Estados. "Foi uma reunião
muito boa. Ficou claro que só se
resolvem esses problemas com a
reforma tributária. Tem algumas
questões da reforma tributária
que a gente pode tentar antecipar
dentro do próprio Confaz", disse
o secretário da Fazenda de São
Paulo, Eduardo Guardia.
Lei Kandir
A compensação aos Estados pelo governo federal por conta das
perdas com a Lei Kandir, que prevê isenção do ICMS nos produtos
exportados, também foi discutida
na reunião do Confaz.
Segundo Mascarenhas, não há
uma regra hoje para definir os valores do ressarcimento a ser feito
pela União aos Estados. Ele disse
que o governo estabelece um valor e o lança no Orçamento. Os secretários de Fazenda querem que
o governo defina normas de cálculo para que a compensação fique sempre em torno dos valores
históricos, que seriam de 50% das
perdas dos Estados.
De acordo com ele, no ano passado o governo repassou aos Estados R$ 4,3 bilhões, o que corresponderia a somente 20% das perdas decorrentes da lei.
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