São Paulo, Sábado, 27 de Novembro de 1999


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NATAL
Comércio espera vender mais
Dólar alto encarece produtos natalinos

RUI DA SILVA SANTOS
da Reportagem Local

A desvalorização do real encareceu os produtos destinados a enfeitar a noite de Natal e réveillon, mas nem isso desanima as lojas que trabalham com o produto, que reajustaram preços.
"Com a desvalorização, obviamente ficou mais difícil importar. Nós tivemos dificuldade este ano", afirma Josef Benhaim, sócios da Natalie, importadora de enfeites de Natal (leia abaixo).
Mesmo com a desvalorização e a recessão, a Natalie espera obter um aumento de até 20% no faturamento, comparado com o ano passado. "Mas, se convertido em dólares, será menor." Por causa da alta do dólar, que acumula 59% desde que o governo liberou o câmbio, em janeiro, os preços da rede subiram entre 25% e 30%.
As Lojas Americanas afirmam que mantiveram as importações de enfeites mesmo após a desvalorização, mas reajustaram os preços entre 5% e 10%.
"Esperamos um aumento de vendas aproximadamente de 10%, impulsionado pelos produtos que vão comemorar a chegada do ano 2000, principalmente a venda de lâmpadas", diz Osmair Luminatti, diretor de compras das Lojas Americanas.
Segundo Luminatti, as vendas de enfeites de Natal representam 5% das vendas totais das lojas neste bimestre.
Para Ana Maria Cordeiro Linhares, da diretoria do Palácio dos Enfeites, a venda de enfeites segue o mesmo ritmo dos anos anteriores. A diferença é que, neste ano, as pessoas estão comprando mais material para fazer os enfeites em casa.
Ela atribui esse aumento ao reajuste do produto final, que acompanha a variação do dólar. "As pessoas fazem os enfeites em casa e economizam a mão-de-obra."
Linhares não quis dizer de quanto foi o reajuste feito pelo Palácio dos Enfeites, mas afirma que foi bem inferior à desvalorização. "Estamos trabalhando com margem de lucro reduzida para não aumentar os preços", afirma.

Novidades
A comemoração da passagem do ano 2000 está influenciando as vendas de Natal.
"Este ano, as pessoas estão mais dispostas a comemorar o réveillon e estamos trabalhando com esta expectativa", afirma Linhares, do Palácio dos Enfeites.
Segundo os lojistas, os produtos de cor prata predominam nesse ano, diferente dos tradicionais vermelho e ouro que sempre são usados, apesar de os lojistas afirmar que essas cores ainda são muito vendidas.
Para Alberto Ferrentino, superintendente da Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping), os brasileiros tradicionalmente não têm uma cultura de enfeitar suas casas no Natal.
"Isso é característico de países de clima frio, cujas famílias passam o Natal em casa. Elas são estimuladas a enfeitar a casa."
Mas, em sua opinião, o hábito de os shoppings decorarem os espaços estimulou o consumo de enfeites. "As pessoas vêem as decorações dos shoppings e passam a querer decorar as suas casas também. Isso estimula a venda de produtos para o Natal."
Ferrentino também aponta para o fato de que os produtos natalinos, geralmente, são muito baratos, o que facilita o consumo por pessoas de todas as classes.
"Os produtos de Natal muito sofisticados passam a ser considerados de luxo. Somente pessoas de renda mais alta, que não são afetadas pelo desemprego e pela recessão, passam a comprá-los."



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