São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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CRISE NO AR

Em reunião para discutir companhia aérea, Sergio Amaral disse que auxílio só viria se empresa se mostrasse viável

Ajuda à Varig depende de plano, diz governo

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está preocupado com a crise da Varig. O ministro Sergio Amaral (Desenvolvimento) convocou ontem uma reunião para tratar do assunto com os órgãos e empresas do governo envolvidos na crise. Participaram representantes das empresas federais credoras da Varig, como Banco do Brasil, Infraero e BR Distribuidora.
Após a reunião, por meio de sua assessoria, Amaral afirmou que "o governo continua disposto a ajudar a Varig e buscar sua reestruturação". Disse, no entanto, que a ajuda depende de um plano de reestruturação da empresa, que prove que a companhia é economicamente viável.
Além da reunião com outros órgãos do governo, Amaral também discutiu a situação da Varig com Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição do PT. Palocci não deu entrevista após o encontro com Amaral.
Antes dessa reunião, Palocci disse, no entanto, que o problema das empresas aéreas não pode ser resolvido apenas com socorros financeiros em momentos de crise -é necessário buscar uma política de longo prazo para o setor.

Proposta recusada
A FRB (Fundação Ruben Berta), controladora da Varig, recusou uma proposta de acordo com os credores da companhia, que possibilitaria a reestruturação da empresa. O acordo previa o perdão temporário de uma dívida de US$ 117 milhões. A dívida total da empresa é de US$ 900 milhões. No primeiro semestre, houve prejuízo de R$ 1,041 bilhão.
Ontem, em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), o presidente do conselho curador da FRB, Yutaka Imagawa, disse que a empresa vai "administrar o processo e procurar alternativas". Segundo ele, nova proposta será apresentada ao BNDES.
O advogado-geral da União, José Bonifácio de Andrada, afirmou ter recomendado ao governo que não intervenha na empresa.

Socorro
Entre os temas discutidos na reunião, a Folha apurou que, caso a empresa não apresente um novo plano de reestruturação da dívida, o governo poderia deixar a empresa fechar, como aconteceu com a Transbrasil. Uma das avaliações em poder do governo mostra que o mercado teria condições de absorver uma eventual saída da Varig do setor.
Nessa avaliação, haveria tumulto nos primeiros 30 a 40 dias devido à falta de vôos. A situação se normalizaria após esse período, já que as empresas que ficarem trariam novas aeronaves do exterior e iriam ocupando, gradualmente, o espaço deixado pela Varig.
Para o governo, que prefere apostar na reestruturação, há ainda a possibilidade de entrada de novas companhias no mercado.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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