São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM TRANSE

Governo não consegue rolar dívida, e moeda sobe 1,83%, para R$ 3,61; risco-país sobe 4,2% e atinge 1.661 pontos

Mercado pede juro alto ao BC, e dólar sobe

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um dia marcado pela expectativa do resultado do leilão de rolagem da dívida cambial que vence na próxima segunda-feira, o dólar fechou em alta de 1,83%, cotado a R$ 3,61.
O dia também não foi bom para o C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, que fechou cotado em baixa de 1,1% em relação ao dia anterior. Com a desvalorização do C-Bond, o risco-país, medido pelo JP Morgan fechou em alta de 4,2%, em 1.661 pontos.
Em um dia em que os investidores não esperavam grandes notícias no mercado interno, sabia-se que o leilão de "swap" cambial do Banco Central ditaria a tendência de cotação para a moeda norte-americana. Além disso, o resultado do leilão de segunda-feira, considerado "razoável" pelos investidores, no qual o BC conseguiu rolar U$ 567,2 milhões de títulos, 24,4% do total da dívida que vence no dia 2, ajudou a aumentar as expectativas. Com a grande concentração de vencimentos cambiais em dezembro e janeiro, a negociação de mais uma parte da dívida ontem ajudaria a acalmar o mercado.
Mas a bonança não veio. Os juros pedidos pelo mercado para os novos títulos foram considerados muito altos pelo BC que, após tentar fazer dois leilões durante o dia, acabou não aceitando nenhuma das ofertas dos bancos.
No primeiro leilão, havia mais demanda dos investidores do que títulos disponíveis para venda. Mesmo assim, os juros pedidos eram altos. Quando o BC divulgou que não aceitaria nenhuma oferta, a cotação do dólar subiu e atingiu a máxima do dia, R$ 3,624.
No segundo leilão, também fracassado, a demanda dos compradores foi menor mas a pressão na cotação diminuiu.
Segundo analistas, como o BC ainda tem hoje e mais dois dias para tentar renegociar a dívida, era razoável que não aceitasse as taxas mais altas do que as oferecidas na segunda-feira, visto que nenhum fato negativo aconteceu desde então.
A alta dos índices de inflação e a falta de novas notícias também são fatores que têm sido usados para justificar as oscilações do mercado, tanto positivas quanto negativas.
Fora do Brasil, a divulgação do índice que mede o nível de confiança dos consumidores dos Estados Unidos abaixo do esperado pelos analistas não ajudou os títulos brasileiros transacionados no exterior. Segundo analistas, a baixa dos títulos brasileiros deveu-se muito mais a uma "contaminação" do pessimismo nos outros mercados do que a algo novo que fundamentasse a queda.
"O comportamento do C-Bond está refletindo tudo o que está acontecendo lá fora", disse Luiz Antônio Vaz das Neves, da corretora Planner.


Texto Anterior: Petróleo: Propostas para plataformas ficam para janeiro; decisão caberá a Lula
Próximo Texto: Panorâmica - Em transe: América Latina cresce 3% em 2003, prevê Bird
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.