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Caixa deve pagar R$ 700 mi por 35% do PanAmericano
Aquisição será a primeira após criação de empresa de participações, no auge da crise
Além da instituição de
Silvio Santos, forte no
crédito de veículos, outros
quatro bancos de pequeno
porte estão na mira da Caixa
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase nove meses após conseguir o aval oficial do Congresso para constituir nova empresa de participações (CaixaPar)
e poder ir às compras no mercado, a Caixa Econômica Federal deverá anunciar nos próximos dias sua primeira aquisição: 35% do capital do banco
PanAmericano, braço financeiro do grupo Silvio Santos.
Segundo a Folha apurou, a
instituição é a primeira de uma
lista de cinco bancos pequenos
que estão na mira da Caixa desde o início do ano, quando, no
auge da crise financeira, eles
precisaram de dinheiro e alguns foram socorridos pelo
próprio banco estatal.
A negociação com o Pan-
Americano vem sendo feita há
cinco meses, mas falta acertar
um valor para o negócio. A expectativa é que a Caixa desembolse cerca de R$ 700 milhões
pela participação na instituição, que tem ações na Bolsa e
está avaliada em R$ 2,2 bilhões.
Com a compra, a Caixa está
de olho não só no nicho em que
o PanAmericano é forte -financiamento de veículos- mas
na clientela que hoje tem crédito com a instituição e, no entanto, movimenta seus recursos em outros bancos.
O PanAmericano tem 2,2 milhões de clientes com algum
negócio em andamento e outros 16,7 milhões cadastrados.
Além disso, com a negociação,
a Caixa ganhará acesso a outros
185 pontos de venda e a 22 mil
lojas e parceiros comerciais do
banco do grupo Silvio Santos.
Entra ainda no financiamento de automóveis, incluindo
carros usados, nova fronteira
de consumo da classe média
emergente. A transação deverá
seguir praticamente o mesmo
desenho da fechada no início
do ano entre o Banco do Brasil
e o Votorantim. Apesar de ser
minoritária, a Caixa deverá
compartilhar a gestão do banco, que não terá as amarras de
uma instituição pública.
A ideia é que a Caixa fique
com 35% do capital total -49%
das ações com direito a voto e
mais 20% das preferenciais.
Até antes da crise, o Pan-
Americano foi uma das pequenas instituições do varejo bancário de maior crescimento e
com o mais diversificado portfólio de produtos e serviços
voltados a baixa renda.
Para retomar esse caminho,
o banco precisava de mais recursos, o que o grupo Silvio
Santos relutava em colocar.
Com a Caixa, o banco equipara
sua avaliação de risco à da Caixa (que tem o governo como
garantidor) e reduz as dificuldades para captar recursos.
O banco tem uma carteira de
crédito de R$ 9,3 bilhões -menos de 10% da carteira da Caixa, que encerrou setembro em
R$ 111,9 bilhões. A aquisição
pouco eleva o total de ativos do
banco federal, hoje em R$
341,9 bilhões, consolidado desde meados do ano como quarto
no ranking, à frente do Santander/Real (R$ 310 bilhões).
A compra é negociada há pelo menos cinco meses, período
em que as ações PN do Pan-
Americano subiram mais de
90%. Somente ontem, após a
CVM fazer um questionamento formal sobre o assunto, o
banco resolveu divulgar um comunicado ao mercado confirmando a negociação.
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