São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Caixa deve pagar R$ 700 mi por 35% do PanAmericano

Aquisição será a primeira após criação de empresa de participações, no auge da crise

Além da instituição de Silvio Santos, forte no crédito de veículos, outros quatro bancos de pequeno porte estão na mira da Caixa

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase nove meses após conseguir o aval oficial do Congresso para constituir nova empresa de participações (CaixaPar) e poder ir às compras no mercado, a Caixa Econômica Federal deverá anunciar nos próximos dias sua primeira aquisição: 35% do capital do banco PanAmericano, braço financeiro do grupo Silvio Santos.
Segundo a Folha apurou, a instituição é a primeira de uma lista de cinco bancos pequenos que estão na mira da Caixa desde o início do ano, quando, no auge da crise financeira, eles precisaram de dinheiro e alguns foram socorridos pelo próprio banco estatal.
A negociação com o Pan- Americano vem sendo feita há cinco meses, mas falta acertar um valor para o negócio. A expectativa é que a Caixa desembolse cerca de R$ 700 milhões pela participação na instituição, que tem ações na Bolsa e está avaliada em R$ 2,2 bilhões.
Com a compra, a Caixa está de olho não só no nicho em que o PanAmericano é forte -financiamento de veículos- mas na clientela que hoje tem crédito com a instituição e, no entanto, movimenta seus recursos em outros bancos.
O PanAmericano tem 2,2 milhões de clientes com algum negócio em andamento e outros 16,7 milhões cadastrados. Além disso, com a negociação, a Caixa ganhará acesso a outros 185 pontos de venda e a 22 mil lojas e parceiros comerciais do banco do grupo Silvio Santos.
Entra ainda no financiamento de automóveis, incluindo carros usados, nova fronteira de consumo da classe média emergente. A transação deverá seguir praticamente o mesmo desenho da fechada no início do ano entre o Banco do Brasil e o Votorantim. Apesar de ser minoritária, a Caixa deverá compartilhar a gestão do banco, que não terá as amarras de uma instituição pública.
A ideia é que a Caixa fique com 35% do capital total -49% das ações com direito a voto e mais 20% das preferenciais.
Até antes da crise, o Pan- Americano foi uma das pequenas instituições do varejo bancário de maior crescimento e com o mais diversificado portfólio de produtos e serviços voltados a baixa renda.
Para retomar esse caminho, o banco precisava de mais recursos, o que o grupo Silvio Santos relutava em colocar. Com a Caixa, o banco equipara sua avaliação de risco à da Caixa (que tem o governo como garantidor) e reduz as dificuldades para captar recursos.
O banco tem uma carteira de crédito de R$ 9,3 bilhões -menos de 10% da carteira da Caixa, que encerrou setembro em R$ 111,9 bilhões. A aquisição pouco eleva o total de ativos do banco federal, hoje em R$ 341,9 bilhões, consolidado desde meados do ano como quarto no ranking, à frente do Santander/Real (R$ 310 bilhões).
A compra é negociada há pelo menos cinco meses, período em que as ações PN do Pan- Americano subiram mais de 90%. Somente ontem, após a CVM fazer um questionamento formal sobre o assunto, o banco resolveu divulgar um comunicado ao mercado confirmando a negociação.


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