São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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FINANÇAS

Fundos de investimento perdem rentabilidade com redução da Selic; em alguns casos, caderneta rende mais que FIFs DI

Juro baixo faz investidor voltar à poupança

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A caderneta de poupança ensaia uma guinada entre os investimentos conservadores. Depois de quatro meses de saída contínua de recursos, a poupança voltou a registrar saldo positivo nas aplicações. Foram R$ 550 milhões em novembro e R$ 1,659 bilhão até o dia 18 deste mês.
Uma das explicações para a recuperação da caderneta está na redução da distância de rentabilidade que a separa de outras modalidades de investimento consideradas conservadoras, principalmente os FIF DI -fundos de investimento corrigidos pelos juros de mercado. Em algumas situações, a poupança já paga mais do que os FIFs DI.
A remuneração desses fundos acompanha a taxa básica da economia (Selic). No começo do ano, a Selic era de 19% ao ano. Desde o dia 20 deste mês, essa taxa está em 15,75%.
Já a rentabilidade da poupança é dada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa de Referencial), que é variável. A TR está em 0,0873% ao mês.
Além disso, os fundos têm encargos que não recaem sobre a poupança. Os fundos pagam 20% de Imposto de Renda ao mês sobre os ganhos. As instituições financeiras também cobram do investidor uma taxa de administração. A média dessa taxa para os FIFs DI está em 1,5% ao ano.
Em algumas situações, o poupador também não paga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Não há CPMF sobre salários depositados diretamente numa conta de poupança, por exemplo.
Alguns gestores de fundos adotaram essa prática. Mas costumam cobrar nesses casos taxas de administração acima da média do mercado.
Mas se a pessoa retira seu dinheiro da conta corrente e aplica na caderneta ela paga a CPMF, da mesma forma que o faria se investisse em um fundo. Porém, se o poupador não mexe no dinheiro por pelo menos 90 dias, ele tem o estorno da CPMF.
O poupador que aplicou na poupança no dia 20 deste mês terá rentabilidade já definida (o número é público) ao final de um mês de 0,6188% líquido, mas sem considerar a CPMF.
Um indicador do rendimento dos FIF DI é a TBF, taxa que apura a média dos juros pagos pelos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). A TBF está em 1,1995% para o prazo de um mês.
A taxa de administração anual de 1,5% cobrada dos fundos equivale a 0,125% ao mês. Descontada da TBF, o rendimento dos FIF DI cairia para 1,0795%. Menos os 20% do IR, a rentabilidade cairia para 0,863%. Ao pagar a CPMF, o investidor só teria ao final de um mês um ganho de 0,56%.



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