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Governo pode competir com teles na banda larga
Aporte na Telebrás confunde operadoras privadas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo confundiu as operadoras fixas e móveis que oferecem banda larga ao anunciar
ontem aporte de R$ 200 milhões na Telebrás, holding estatal de telecomunicações.
Os recursos seriam destinados à Eletronet, uma empresa
praticamente falida que possui
uma rede de 16 mil quilômetros
de fibras óticas, estendendo-se
por 18 Estados.
O aporte foi comunicado à
Bolsa de Valores, onde as ações
da Telebrás registraram alta de
35,48% (preferenciais) e de
21,62% (ordinárias). Os papéis
da Eletrobrás, outro acionista
da Eletronet, subiram 2,38%
(preferenciais) e os da Eletropaulo, 3,99%, cujo controlador,
a americana AES, também é sócia da Eletronet.
A companhia privada foi fundada em 1999 por empresas do
setor de energia que implantaram a rede de transmissão de
dados por fibra ótica com suas
linhas de energia elétrica, o que
garante velocidade de conexão
muito maior que a da rede convencional das operadoras fixas
e móveis.
Atualmente está sob consulta na Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) o uso de
uma nova tecnologia (Power
Line Communications) que
permitirá a oferta de banda larga pelos fios elétricos diretamente às residências. Se aprovada, será mais uma possibilidade para a Eletronet, que hoje
tem aval da Anatel para uma
tecnologia diferente.
O governo nunca desistiu da
idéia de prestar serviços pela
Eletronet, mas, para isso, precisa resolver as pendências judiciais com os credores da Eletronet. Entre eles estão a Alcatel-Lucent e a Furukawa, fornecedores de equipamentos que cobram cerca de R$ 300 milhões.
Além disso, a Telebrás e a
Eletrobrás terão de fazer um
acordo. No contrato da Eletronet há uma cláusula transferindo à Eletrobrás a rede da Eletronet, caso sua falência seja
decretada. Essa é uma questão
em andamento na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco,
há no governo divergências sobre a Eletronet. Um grupo pretende criar uma estatal que alugue sua rede às operadoras privadas. Outra frente defende o
uso dessa rede para a prestação
de serviços de banda larga aos
consumidores em geral. "Mas
para isso seria preciso muito
investimento", diz Tude. "Não
faz sentido desembolso depois
de ter privatizado todo o sistema de telecomunicações." Seja
qual for o caminho, Tude considera que está claro o interesse
do governo nesse mercado.
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