São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rio de Janeiro vira "praça de guerra" de redes de iogurterias

Nova moda na cidade é "exportada" para outras capitais; faturamento é de até R$ 100 mil por mês

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Isso não é um sorvete, é iogurte gelado. E a calda de frutas vermelhas que vai por cima não é calda, mas sim um "topping" que serve para "customizar" o sorvete, ops!, frozen.
Está feita a iogurteria, uma versão moderninha e saudável da sorveteria, que tem pelo menos cinco redes no país -a maioria delas nasce e cresce no verão carioca, que ganhou duas novas lojas só neste mês.
"É uma indústria de exportação do Rio", diz o empresário Bruno Grossman, 27, dono da Yoggi, que inaugurou a primeira unidade no Leblon em dezembro de 2008 e, seis meses depois, já tinha outras duas.
Agora, a rede soma oito lojas no Rio, uma em Brasília, uma em Goiânia e uma em São Paulo. O faturamento médio mensal de cada uma é de R$ 90 mil, e o investimento inicial, de cerca de R$ 300 mil.
A história da Yoggi se parece com a da Bendita Fruta, do grupo Parmê (que mantém a rede de restaurantes Spoletto e de pizzarias Domino's): a rede abriu a primeira loja e, sete meses depois, outras três no Rio e duas em Brasília. Cada uma fatura, em média, de R$ 35 mil a R$ 55 mil por mês.
"É um negócio pequeno, enxuto e com apelo fantástico", afirma Luiz Antonio Jaeger, gerente de operações do grupo Parmê. Entre os "apelos" do produto, estão o preço e o conceito de fast food saudável: há "yogos" de R$ 4 a R$ 16 e, diferentemente do calórico sorvete, o iogurte usado tem baixas calorias e 0% de gordura.
"É a cara do Rio de Janeiro: saudável e informal. Nas lojas de rua, por exemplo, temos um deck com areia, para entrar de chinelo, e só fechamos às 2h", diz o dono da Yoggi. "O Rio de Janeiro se tornou a "praça de guerra" dos iogurtes."

Ponto nobre
Para Francisco Barone, professor de empreendedorismo da Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas) da Fundação Getulio Vargas, fenômenos como o do iogurte ou o das temakerias (leia texto ao lado) ganham força no Rio não só em decorrência da "informalidade do carioca".
"Está mais relacionado à oportunidade do negócio e à capacidade do empreendedor de conseguir um ponto bom, com layout bonitinho, adequado ao público-alvo, das classes A e B", afirma Barone. "Não adianta fazer "um pé sujo", porque ninguém vai tomar iogurte "em pé sujo"." A teoria ajuda a explicar o mapa de nascimento das iogurterias cariocas: os alvos são áreas nobres da zona sul, como Leblon (a rua Ataulfo de Paiva, por exemplo, sedia a primeira Yoggi e a primeira temakeria Koni Store) e Ipanema (a rua Visconde de Pirajá tem duas concorrentes a 300 metros de distância).
Naquela região, estima o dono da Yoggi, um ponto não sai por menos de R$ 300 mil. A vantagem: "No dia seguinte [à inauguração da loja na região], todo mundo está sabendo. É investimento em marketing", diz ele. O ponto encarece o negócio: além dele, são necessários mais cerca de R$ 300 mil para abrir as portas em uma loja com menos de 50 m2.
Na Yogoberry, que começou em Ipanema e abriu 21 lojas em três anos (entre Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília), o layout "bonitinho" inclui cadeiras assinadas pelo designer Philippe Starck.
O Rio também era o alvo inicial da líder mundial do setor, a canadense Yogen Früz, que tem lojas em 25 países e faturou US$ 341 milhões em 2008. Mas os quatro brasileiros do Distrito Federal que compraram (por R$ 1 milhão) o direito de franquear a marca optaram por estrear em Brasília.
"Mas a condição deles era que estivéssemos rapidamente no Rio", afirma Roberta Fernandes, uma das sócias da Yogen Früz, que fechou contrato de sigilo com a fábrica brasileira que vai produzir sua receita. Só a taxa de franquia custa US$ 25 mil e o faturamento médio é de R$ 100 mil.
Amanhã, o grupo, que já abriu filial em São Paulo, chega ao Rio, na Barra. Ipanema terá uma unidade em fevereiro de 2010, ano em que os sócios planejam inaugurar outras 20. O plano de expansão, aliás, prevê 230 lojas no Brasil.


Texto Anterior: Vendas de shopping crescem 7% no Natal
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.