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Rio de Janeiro vira
"praça de guerra" de
redes de iogurterias
Nova moda na cidade é "exportada" para outras capitais; faturamento é de até R$ 100 mil por mês
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Isso não é um sorvete, é iogurte gelado. E a calda de frutas
vermelhas que vai por cima não
é calda, mas sim um "topping"
que serve para "customizar" o
sorvete, ops!, frozen.
Está feita a iogurteria, uma
versão moderninha e saudável
da sorveteria, que tem pelo menos cinco redes no país -a
maioria delas nasce e cresce no
verão carioca, que ganhou duas
novas lojas só neste mês.
"É uma indústria de exportação do Rio", diz o empresário
Bruno Grossman, 27, dono da
Yoggi, que inaugurou a primeira unidade no Leblon em dezembro de 2008 e, seis meses
depois, já tinha outras duas.
Agora, a rede soma oito lojas
no Rio, uma em Brasília, uma
em Goiânia e uma em São Paulo. O faturamento médio mensal de cada uma é de R$ 90 mil,
e o investimento inicial, de cerca de R$ 300 mil.
A história da Yoggi se parece
com a da Bendita Fruta, do grupo Parmê (que mantém a rede
de restaurantes Spoletto e de
pizzarias Domino's): a rede
abriu a primeira loja e, sete meses depois, outras três no Rio e
duas em Brasília. Cada uma fatura, em média, de R$ 35 mil a
R$ 55 mil por mês.
"É um negócio pequeno, enxuto e com apelo fantástico",
afirma Luiz Antonio Jaeger, gerente de operações do grupo
Parmê. Entre os "apelos" do
produto, estão o preço e o conceito de fast food saudável: há
"yogos" de R$ 4 a R$ 16 e, diferentemente do calórico sorvete, o iogurte usado tem baixas
calorias e 0% de gordura.
"É a cara do Rio de Janeiro:
saudável e informal. Nas lojas
de rua, por exemplo, temos um
deck com areia, para entrar de
chinelo, e só fechamos às 2h",
diz o dono da Yoggi. "O Rio de
Janeiro se tornou a "praça de
guerra" dos iogurtes."
Ponto nobre
Para Francisco Barone, professor de empreendedorismo
da Ebape (Escola Brasileira de
Administração Pública e de
Empresas) da Fundação Getulio Vargas, fenômenos como o
do iogurte ou o das temakerias
(leia texto ao lado) ganham força no Rio não só em decorrência
da "informalidade do carioca".
"Está mais relacionado à
oportunidade do negócio e à capacidade do empreendedor de
conseguir um ponto bom, com
layout bonitinho, adequado ao
público-alvo, das classes A e B",
afirma Barone. "Não adianta fazer "um pé sujo", porque ninguém vai tomar iogurte "em pé
sujo"." A teoria ajuda a explicar
o mapa de nascimento das iogurterias cariocas: os alvos são
áreas nobres da zona sul, como
Leblon (a rua Ataulfo de Paiva,
por exemplo, sedia a primeira
Yoggi e a primeira temakeria
Koni Store) e Ipanema (a rua
Visconde de Pirajá tem duas
concorrentes a 300 metros de
distância).
Naquela região, estima o dono da Yoggi, um ponto não sai
por menos de R$ 300 mil. A
vantagem: "No dia seguinte [à
inauguração da loja na região],
todo mundo está sabendo. É investimento em marketing", diz
ele. O ponto encarece o negócio:
além dele, são necessários mais
cerca de R$ 300 mil para abrir
as portas em uma loja com menos de 50 m2.
Na Yogoberry, que começou
em Ipanema e abriu 21 lojas em
três anos (entre Rio, São Paulo,
Belo Horizonte e Brasília), o layout "bonitinho" inclui cadeiras assinadas pelo designer Philippe Starck.
O Rio também era o alvo inicial da líder mundial do setor, a
canadense Yogen Früz, que
tem lojas em 25 países e faturou US$ 341 milhões em 2008.
Mas os quatro brasileiros do
Distrito Federal que compraram (por R$ 1 milhão) o direito
de franquear a marca optaram
por estrear em Brasília.
"Mas a condição deles era
que estivéssemos rapidamente
no Rio", afirma Roberta Fernandes, uma das sócias da Yogen Früz, que fechou contrato
de sigilo com a fábrica brasileira que vai produzir sua receita.
Só a taxa de franquia custa US$
25 mil e o faturamento médio é
de R$ 100 mil.
Amanhã, o grupo, que já
abriu filial em São Paulo, chega
ao Rio, na Barra. Ipanema terá
uma unidade em fevereiro de
2010, ano em que os sócios planejam inaugurar outras 20. O
plano de expansão, aliás, prevê
230 lojas no Brasil.
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