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RESGATE NO AR
Sob nova direção, banco vê na união das companhias a única solução viável para combater a crise no setor
BNDES defende fusão entre empresas aéreas
ANTÔNIO GOIS
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A nova direção do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) defende a fusão entre as principais
empresas aéreas do país como a
solução mais viável para resolver
a crise enfrentada pelo setor.
A Folha apurou que essa solução agrada mais à nova diretoria
do que a hipótese de ajuda a uma
companhia isoladamente. Isso
porque, segundo a avaliação do
BNDES, as empresas estão atualmente em um "processo de concorrência predatória", praticando
tarifas que não as remuneram
adequadamente num momento
de custos crescentes. As saídas para a crise, no entanto, estão sendo
analisadas e ainda não foi feita
uma proposta definitiva.
Na cerimônia de transmissão da
presidência, que aconteceu no dia
17 deste mês, o presidente do banco, Carlos Lessa, disse que o Brasil
"não pode deixar de ter uma
grande empresa aérea".
Essa não é a primeira vez que o
BNDES estuda estimular a fusão
do setor aéreo. Durante todo o segundo mandato de Fernando
Henrique Cardoso, o governo estudou formas de viabilizar fusões
das principais empresas aéreas,
até avaliando a hipótese de o
BNDES financiar o negócio. A regulamentação do setor e a falta de
entendimento entre as empresas
sobre como seria feita a fusão foram os principais entraves.
A Varig informou que estuda
qualquer solução para resolver
sua crise financeira, inclusive processos de fusão. Segundo a empresa, porém, não existe nenhuma negociação em curso. A Varig
busca uma operação de capitalização com uma dívida de mais de
US$ 760 milhões -boa parte no
curto prazo. A empresa quer o
apoio do BNDES, que entraria
com até um terço dos US$ 500 milhões que a empresa espera obter.
A empresa aérea que mais defende publicamente a fusão como
saída é a Vasp. O presidente da
companhia, Wagner Canhedo,
afirmou, por intermédio da sua
assessoria de imprensa, que defende uma união operacional entre as principais empresas.
Seriam integradas, segundo Canhedo, as malhas aéreas das companhias, os serviços de bordo e de
manutenção e todas as outras
operações que as empresas realizam em comum.
Canhedo afirmou que a medida
traria uma economia de US$ 20
milhões ao mês para as empresas,
segundo estudo encomendado
pela Vasp na época de sua reestruturação, em 2000.
O executivo disse, porém, que
as empresas não seriam unificadas numa nova companhia. Dívidas, política comercial e marcas
seriam mantidas separadas.
Juntamente com a Varig, a Vasp
é a empresa em pior situação.
Tem uma dívida de R$ 1,8 bilhão
-quase a totalidade dela com o
governo. A companhia diz não ter
débitos com fornecedores. Procurada, a TAM não se manifestou
até o fechamento desta edição.
Para a Varig, a fusão seria uma
boa solução, já que seu pedido de
apoio está parado no BNDES.
Desde agosto de 2002, o banco
participava, com credores, das
negociações para realizar a operação. Em novembro, acertou um
perdão temporário de dívidas de
curtíssimo prazo no valor de US$
117 milhões.
No final de novembro, a FRB
(Fundação Ruben Berta), controladora da Varig, rejeitou o acordo,
alegando que ele não garantia a
participação do BNDES na capitalização e privilegiava alguns credores. Logo depois, o BNDES deixou as negociações.
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