UOL


São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RESGATE NO AR

Sob nova direção, banco vê na união das companhias a única solução viável para combater a crise no setor

BNDES defende fusão entre empresas aéreas

ANTÔNIO GOIS
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

A nova direção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) defende a fusão entre as principais empresas aéreas do país como a solução mais viável para resolver a crise enfrentada pelo setor.
A Folha apurou que essa solução agrada mais à nova diretoria do que a hipótese de ajuda a uma companhia isoladamente. Isso porque, segundo a avaliação do BNDES, as empresas estão atualmente em um "processo de concorrência predatória", praticando tarifas que não as remuneram adequadamente num momento de custos crescentes. As saídas para a crise, no entanto, estão sendo analisadas e ainda não foi feita uma proposta definitiva.
Na cerimônia de transmissão da presidência, que aconteceu no dia 17 deste mês, o presidente do banco, Carlos Lessa, disse que o Brasil "não pode deixar de ter uma grande empresa aérea".
Essa não é a primeira vez que o BNDES estuda estimular a fusão do setor aéreo. Durante todo o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, o governo estudou formas de viabilizar fusões das principais empresas aéreas, até avaliando a hipótese de o BNDES financiar o negócio. A regulamentação do setor e a falta de entendimento entre as empresas sobre como seria feita a fusão foram os principais entraves.
A Varig informou que estuda qualquer solução para resolver sua crise financeira, inclusive processos de fusão. Segundo a empresa, porém, não existe nenhuma negociação em curso. A Varig busca uma operação de capitalização com uma dívida de mais de US$ 760 milhões -boa parte no curto prazo. A empresa quer o apoio do BNDES, que entraria com até um terço dos US$ 500 milhões que a empresa espera obter.
A empresa aérea que mais defende publicamente a fusão como saída é a Vasp. O presidente da companhia, Wagner Canhedo, afirmou, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que defende uma união operacional entre as principais empresas.
Seriam integradas, segundo Canhedo, as malhas aéreas das companhias, os serviços de bordo e de manutenção e todas as outras operações que as empresas realizam em comum.
Canhedo afirmou que a medida traria uma economia de US$ 20 milhões ao mês para as empresas, segundo estudo encomendado pela Vasp na época de sua reestruturação, em 2000.
O executivo disse, porém, que as empresas não seriam unificadas numa nova companhia. Dívidas, política comercial e marcas seriam mantidas separadas.
Juntamente com a Varig, a Vasp é a empresa em pior situação. Tem uma dívida de R$ 1,8 bilhão -quase a totalidade dela com o governo. A companhia diz não ter débitos com fornecedores. Procurada, a TAM não se manifestou até o fechamento desta edição.
Para a Varig, a fusão seria uma boa solução, já que seu pedido de apoio está parado no BNDES. Desde agosto de 2002, o banco participava, com credores, das negociações para realizar a operação. Em novembro, acertou um perdão temporário de dívidas de curtíssimo prazo no valor de US$ 117 milhões.
No final de novembro, a FRB (Fundação Ruben Berta), controladora da Varig, rejeitou o acordo, alegando que ele não garantia a participação do BNDES na capitalização e privilegiava alguns credores. Logo depois, o BNDES deixou as negociações.


Texto Anterior: Bico lucrativo: Itaipu também engorda vencimentos de Dirceu
Próximo Texto: Finanças: Bank of America pode deixar Brasil
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.