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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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FINANÇAS

Prejuízos e imagem arranhada explicariam decisão; banco não comenta

Bank of America pode deixar Brasil

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma série de tropeços, que culminou com um processo administrativo aberto neste mês pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para investigar irregularidades na gestão de quatro fundos de investimentos, o Bank of America se prepara para deixar o país.
Segundo a Folha apurou, a matriz do banco decidiu encerrar suas atividades de tesouraria no país e só manter uma pequena operação local. As áreas de mercado de capitais, mercado de derivativos, fusões e aquisições e operações estruturadas de captação de recursos externos para clientes serão riscadas do portfólio. Basicamente, restará um escritório de representação no país, para tocar operações simples de overnight e administrar recursos e dar liquidez de curto prazo para alguns clientes.
O Bank of America também deixará de atuar como um banco de investimentos, que compete com Pactual, JP Morgan e outras instituições locais. Desde que quatro de seus fundos de investimento sofreram pesadas perdas, em junho do ano passado, os investidores bateram em retirada. Nos últimos 12 meses o patrimônio líquido dos fundos do Bank of America encolheu 70% e foi registrada uma captação líquida (aplicações menos resgates) negativa de R$ 2,2 bilhões.
Segundo analistas de mercado, as perdas nos fundos de investimento e os problemas legais decorrentes teriam sido a gota d'água para a matriz americana. Além dos prejuízos financeiros -o banco já se dispôs a reembolsar parte das perdas dos investidores-, a imagem da instituição teria ficado arranhada, segundo esses analistas.
Procurada pela Folha, a direção do banco informou, por meio de sua assessoria, que "não comenta especulações".
O Bank of America está no Brasil há 50 anos, mas nos últimos três enfrentou vários problemas. Em 2001, viu-se envolvido em uma disputa com o Vasco da Gama, com o qual tinha um contrato para administrar a marca -rompido unilateralmente pelo clube.
Naquele ano, comprou o banco Liberal por R$ 250 milhões, mas em 2002 entrou com ação na Justiça, em Nova York, contra os antigos controladores, sob a alegação de que eles haviam omitido informações sobre a real situação financeira do banco e de terem desviado US$ 38 milhões da instituição.


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