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PÚBLICO E PRIVADO
Para indústria, governo está cada vez mais parecido com o de
FHC
Empresário vê autoconfiança excessiva em críticas de Lula
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
As críticas aos empresários feitas pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em Nova Déli foram
consideradas demonstração excessiva de autoconfiança, para
empresários ouvidos pela Folha.
O discurso de Lula foi comparado ao feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em
1999, quando também reclamou
do choro dos empresários. O ex-presidente respondia a uma critica feita pelo empresário Paulo
Cunha em sua posse no Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), quando
falou sobre a desesperança dos
brasileiros. Segundo um empresário, Lula está cada vez mais parecido com FHC, e Palocci (Antonio Palocci, ministro da Fazenda),
com Malan (Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda de FHC).
O problema, agora, segundo alguns empresários, é que não se sabe qual seria o motivo do ataque
desferido pelo presidente. Um
dos motivos, para esses empresários, talvez seja o fato de as empresas estarem se movimentando para repassar aos preços o aumento
da alíquota da Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), de 3% para 7,6%.
O fato é que os empresários das
áreas industrial e comercial já estão descontentes com os rumos
do governo há oito ou nove meses, desde quando, em maio, o
Banco Central deixou de cortar a
Selic, mantendo-a em 26,5%.
A maior decepção é mesmo
com a política monetária do governo. Os empresários consideram exagerada a ortodoxia do BC.
A reunião do Copom da semana
passada, que manteve a Selic em
16,5%, foi recebida com grande
desaponto pelos empresários.
Um dos maiores críticos do governo, o deputado e presidente da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), Armando Monteiro,
afirma: "Essa manifestação do
presidente Lula não vai nos inibir.
Nós vamos continuar chorando".
De acordo com Monteiro, os
empresários vão continuar a exercer o direito de crítica "quando
acharmos necessário".
Além da política monetária ortodoxa, outros motivos de crítica
do empresariado têm sido a reforma tributária e o aumento da Cofins. "A nova Cofins aumenta a
carga tributária em alguns setores
e é possível algum repasse de preços", diz Monteiro.
Reforma ministerial
Para outros empresários, a esperança, agora, é que a recente reforma ministerial promova uma
mexida na política econômica
com o aumento de poder do ministro José Dirceu (Casa Civil).
Procurado pela Folha, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
Horacio Lafer Piva, preferiu não
se pronunciar a respeito das declarações de Lula. Ele foi convidado pelo próprio Lula para participar amanhã de um seminário sobre o Brasil em Genebra, na Suíça.
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