São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários pedem ação a De la Rúa

JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES

Depois das advertências de bancos, analistas e agências de classificação de risco, ontem foi a vez de os empresários cobrarem do presidente Fernando de la Rúa a reativação da economia e dos investimentos na Argentina.
Liderados por Jorge Aguado, vice-presidente do poderoso grupo Socma (um dos poucos consórcios familiares que resistiram à liberalização da gestão Menem), 20 executivos do Conselho Empresarial Argentino foram recebidos pelo presidente e pelo ministro da Economia, José Luis Machinea, na sede do governo.
""Há muitos problemas na Argentina e a maior parte não nasceu ontem. O principal fator de insegurança social é a falta de trabalho. Estamos preocupados, porque se não há atividade econômica não se geram empregos e não há mercado", disse Aguado.
Cobraram de De la Rúa o cumprimento das reformas da Previdência e dos serviços de coberturas médicas. Baixadas por decreto, em dezembro, e atreladas ao pacote de socorro coordenado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), as duas medidas são discutidas na Justiça por sindicalistas e mesmo deputados da base de sustentação do governo.
Participante da reunião, o ex-ministro da Economia Roberto Alemann afirmou que não ""era a crise na Turquia e sim o cenário da Argentina" que afasta investidores estrangeiros e poupadores, aumentando as dificuldades de o país contornar a recessão que se estende por 30 meses.

Índices ruins
Completados dois meses do empréstimo de US$ 39,7 bilhões concedido pelo Fundo, a Argentina não deixa de acumular índices desalentadores: o déficit fiscal de janeiro foi quase metade do previsto para todo o primeiro trimestre, a produção industrial no mês recuou 4,2% e as vendas nos supermercados caíram 1,8%.
O pais aparece como o mais castigado dos emergentes pelo vendaval provocado pela crise da Turquia -que adotava um sistema de câmbio fixo, semelhante ao argentino, e teve que desvalorizar sua moeda, a lira turca, na semana passada.
Enquanto outras nações, como o Brasil, observaram uma alta de sua taxa de risco (que serve de parâmetro para investimentos e para o custo de financiamentos) no auge da crise turca, mas que passou a se mover para baixo nesta semana, o índice da Argentina não cede.
No começo de fevereiro, era de 660 pontos. Ontem, chegou a 770 pontos -contra 741 do Brasil. O índice Merval (das principais ações negociadas na Bolsa de Buenos Aires) já acumula queda de 17% neste mês.



Texto Anterior: Derivados de petróleo sobem 10% na Turquia
Próximo Texto: Opinião Econômica - Antonio Barros de Castro: Sobre crescimento potencial e salsichas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.