|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresários pedem ação a De la Rúa
JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES
Depois das advertências de bancos, analistas e agências de classificação de risco, ontem foi a vez de
os empresários cobrarem do presidente Fernando de la Rúa a reativação da economia e dos investimentos na Argentina.
Liderados por Jorge Aguado, vice-presidente do poderoso grupo
Socma (um dos poucos consórcios familiares que resistiram à liberalização da gestão Menem), 20
executivos do Conselho Empresarial Argentino foram recebidos
pelo presidente e pelo ministro da
Economia, José Luis Machinea,
na sede do governo.
""Há muitos problemas na Argentina e a maior parte não nasceu ontem. O principal fator de
insegurança social é a falta de trabalho. Estamos preocupados,
porque se não há atividade econômica não se geram empregos e
não há mercado", disse Aguado.
Cobraram de De la Rúa o cumprimento das reformas da Previdência e dos serviços de coberturas médicas. Baixadas por decreto, em dezembro, e atreladas ao
pacote de socorro coordenado
pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), as duas medidas são
discutidas na Justiça por sindicalistas e mesmo deputados da base
de sustentação do governo.
Participante da reunião, o ex-ministro da Economia Roberto
Alemann afirmou que não ""era a
crise na Turquia e sim o cenário
da Argentina" que afasta investidores estrangeiros e poupadores,
aumentando as dificuldades de o
país contornar a recessão que se
estende por 30 meses.
Índices ruins
Completados dois meses do
empréstimo de US$ 39,7 bilhões
concedido pelo Fundo, a Argentina não deixa de acumular índices
desalentadores: o déficit fiscal de
janeiro foi quase metade do previsto para todo o primeiro trimestre, a produção industrial no mês
recuou 4,2% e as vendas nos supermercados caíram 1,8%.
O pais aparece como o mais castigado dos emergentes pelo vendaval provocado pela crise da
Turquia -que adotava um sistema de câmbio fixo, semelhante ao
argentino, e teve que desvalorizar
sua moeda, a lira turca, na semana
passada.
Enquanto outras nações, como
o Brasil, observaram uma alta de
sua taxa de risco (que serve de parâmetro para investimentos e para o custo de financiamentos) no
auge da crise turca, mas que passou a se mover para baixo nesta
semana, o índice da Argentina
não cede.
No começo de fevereiro, era de
660 pontos. Ontem, chegou a 770
pontos -contra 741 do Brasil. O
índice Merval (das principais
ações negociadas na Bolsa de
Buenos Aires) já acumula queda
de 17% neste mês.
Texto Anterior: Derivados de petróleo sobem 10% na Turquia Próximo Texto: Opinião Econômica - Antonio Barros de Castro: Sobre crescimento potencial e salsichas Índice
|