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ANO PERDIDO
Avaliação é que ajuste de 2003 terá como contrapartida uma expansão de longo prazo; Palocci credita retração à crise de 2002
Governo acredita em crescimento sustentado
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia teve um desempenho "fraco" no ano passado, e o
"custo social" dessa baixa atividade foi alto.
A avaliação é de economistas do
próprio governo. Mas, segundo
eles, a contrapartida desse sacrifício será o crescimento de longo
prazo a partir deste ano.
Em nota, o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) atribuiu o
baixo crescimento à "crise econômica que o Brasil viveu em 2002".
Para reforçar a taxa de crescimento de 2004, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda,
Bernard Appy, disse que serão
anunciadas na semana que vem
medidas de estímulo ao setor da
construção civil.
"É um ponto de preocupação
porque o setor teve queda de 8,6%
em 2003 [em relação a 2002]."
Palocci comentou que o resultado negativo de 2003 não surpreendeu o governo, que esperava algo próximo de zero. "Foi fraco, mas isso foi conseqüência da
necessidade de ajuste", afirmou
Appy. A política econômica do
ano passado foi de taxa de juros e
superávit primário (economia de
receitas para o pagamento de juros) altos.
O chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, lembrou
que também foi um ano de queda
da renda e de aumento do desemprego. "O custo social foi grande."
Mas ambos os economistas destacam a recuperação iniciada no
terceiro trimestre do ano passado
e que foi reforçada no quarto trimestre. "É um crescimento puxado por investimentos em insumos industriais. Ele é mais lento
no início, mas será mais longo",
explicou Miranda.
Para ele, o governo não quer repetir os crescimentos de curto
prazo verificados na época do Plano Cruzado (1986) e no início do
Plano Real (1994).
Ata do Copom
A última ata do Copom (Comitê
de Política Monetária) do BC, que
indicou uma posição de "cautela"
com a inflação, não desanima os
economistas.
Segundo Appy, a manutenção
da política econômica atual "é a
garantia do crescimento sustentável". "Essa é uma discussão conjuntural", disse Appy sobre a ata.
Miranda disse que a leitura de
que o Banco Central vai parar de
reduzir as taxas de juros é errada.
"Os índices de inflação da última
semana deste mês estão recuando", lembrou.
Para ele, os juros vão ser reduzidos, até porque eles têm um impacto "deletério" (prejudicial) sobre a relação entre a dívida pública e o PIB. Ou seja, a estabilidade
da dívida depende dessa redução
das taxas de juros.
Para Miranda, 2003 foi um ano
de "assimetrias". Uma das mais
marcantes é a assimetria entre a
"fartura do campo" e a "queda de
atividade no mundo urbano".
A atividade agrícola, muito ligada ao setor exportador, teve um
bom desempenho. Mas o consumo das famílias caiu e setores importantes da indústria tiveram
quedas significativas.
Miranda acredita que o dilema
exportar ou crescer é muito menor hoje que há cinco anos. "É
possível manter o mesmo superávit comercial [exportações maiores do que as importações] do ano
passado com um crescimento de
3,5%", disse.
Segundo Miranda, a partir dos
números já divulgados, a expectativa é um crescimento mínimo da
economia entre 1,5% e 2% neste
primeiro trimestre.
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