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BASTIDORES
Queda no PIB reacende críticas à política econômica
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desempenho da economia em 2003 ficou abaixo do
esperado pelo governo, que já sabia anteontem que receberia uma
notícia pior do que imaginava. O
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, já se prepara para rebater as pressões internas (governo) e externas (PT e empresários)
para reduzir o ajuste fiscal. Lula
vai apoiar Palocci.
O governo avalia que a queda de
0,2% do PIB será explorada pela
oposição agora, no meio da crise
do caso Waldomiro Diniz, e na
campanha eleitoral de outubro.
O Planalto esperava o "PIB zero" (ironia a uma eventual taxa de
crescimento de 0%) ou algo entre
0,2% e 0,3% positivos. "Crescimento negativo é uma marca
muito ruim", comentou ontem
um ministro de Lula. "Dá margem a exploração política."
Na prática, a economia encolheu no primeiro ano do governo
Lula e apresentou seu pior resultado desde 1992, ano do impeachment de Fernando Collor.
Toda a argumentação de Lula e
do governo, como já veio a público ontem, é dizer que o pior já
passou e atribuir o resultado à necessidade de ajuste em 2003.
No entanto, os críticos da política econômica no próprio governo
devem voltar a atacar o ministro
da Fazenda e seus principais auxiliares. São recorrentes nas reuniões da cúpula do governo sugestões para que haja diminuição
da meta de superávit primário de
4,25% do PIB. O superávit, economia para pagamento de juros da
dívida, é a principal meta do acordo com o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
Há três ministros que, nas reuniões internas, bombardeiam a
meta de superávit primário: José
Dirceu (Casa Civil), Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e Luiz
Dulci (Secretaria Geral).
Dirceu, enfraquecido politicamente pelo caso Waldomiro Diniz, perdeu força para continuar a
exercer o contraponto a Palocci
nas reuniões internas do governo.
Wagner, ligado a Dirceu, tem assumido mais as suas críticas. Dulci expressa desde o começo do governo as suas dúvidas.
Apesar das críticas dos três ministros, o presidente tem decidido
quase sempre a favor de Palocci.
Foi assim ao cortar R$ 6 bilhões
dos R$ 413,5 bilhões previstos para o Orçamento deste ano.
Por ora, Lula tem elogiado Palocci e o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, em
encontros públicos e reservados.
No quadro de hoje, dificilmente
os críticos de Palocci conseguirão
espaço para mudança significativa na política econômica.
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