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Para Serra, números são "sofríveis"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PSDB,
José Serra, afirmou ontem, em
São Paulo, que o desempenho da
economia brasileira no ano passado, conforme os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi
"sofrível".
O tucano cobrou do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva um plano "claro" para a economia e a geração de empregos prometida na
campanha eleitoral de 2002. Serra
foi derrotado pelo petista no segundo turno.
"Em vez de espetáculo de crescimento, nós tivemos uma dança de
caranguejo em matéria econômica no ano passado", disse Serra,
em entrevista convocada pelo
partido na sede de uma produtora
de TV, onde ele gravou programas eleitorais.
Ao lado de Arthur Virgílio, líder
do PSDB no Senado, Serra disse
que o governo Lula retrocedeu
em relação ao período do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Planalto (1995-2002) e
que vive um "ciclo vicioso", de juros altos, de aumento do déficit e
da carga de impostos.
"O aspecto fundamental desse
retrocesso é que ele se dá dentro
de uma conjuntura internacional
que é a mais favorável que o Brasil
teve nas últimas décadas. Não
houve nenhum choque externo.
Pelo contrário, se algo houve, foi
um afago externo. As taxas de juros internacionais são as mais baixas desde a depressão dos anos
30", afirmou o ex-senador e ex-ministro da Saúde de FHC.
Na reta final da campanha de
2002, Serra e Lula travaram um
intenso debate em torno da criação de novos empregos no país.
Os dois prometeram como meta a
geração de novos postos.
"A principal conseqüência desse retrocesso está no emprego,
que é a variável social fundamental no Brasil. Esse é o grande problema social que nós vivemos",
afirmou o tucano.
Segundo Serra, o governo anterior enfrentou uma conjuntura
internacional desfavorável com as
crises nas economias da Argentina, do México e da Rússia.
"Eu estou convencido de que há
algo errado em uma economia
que tem um dos maiores juros do
mundo", disse
O ex-ministro, que é economista, criticou também os bancos públicos -Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil- por, segundo ele, cobrarem juros altos.
"O presidente Lula criticou os
empresários e os bancos privados, mas os bancos públicos fazem a mesma coisa", disse.
Questionados sobre o desempenho da economia no governo
FHC, Virgílio e Serra afirmaram
que o "PT foi eleito para mudar".
Durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, não houve recuo do PIB em nenhum ano. O
pior resultado ocorreu em 1998,
quando a economia avançou apenas 0,13%, num reflexo da crise
nos países asiáticos.
O segundo pior ano de FHC foi
99, quando ocorreu o fim da paridade com o dólar e a depreciação
do real. Naquele período, o crescimento ficou em 0,79%.
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