São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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Para Serra, números são "sofríveis"

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PSDB, José Serra, afirmou ontem, em São Paulo, que o desempenho da economia brasileira no ano passado, conforme os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi "sofrível".
O tucano cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um plano "claro" para a economia e a geração de empregos prometida na campanha eleitoral de 2002. Serra foi derrotado pelo petista no segundo turno.
"Em vez de espetáculo de crescimento, nós tivemos uma dança de caranguejo em matéria econômica no ano passado", disse Serra, em entrevista convocada pelo partido na sede de uma produtora de TV, onde ele gravou programas eleitorais.
Ao lado de Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, Serra disse que o governo Lula retrocedeu em relação ao período do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Planalto (1995-2002) e que vive um "ciclo vicioso", de juros altos, de aumento do déficit e da carga de impostos.
"O aspecto fundamental desse retrocesso é que ele se dá dentro de uma conjuntura internacional que é a mais favorável que o Brasil teve nas últimas décadas. Não houve nenhum choque externo. Pelo contrário, se algo houve, foi um afago externo. As taxas de juros internacionais são as mais baixas desde a depressão dos anos 30", afirmou o ex-senador e ex-ministro da Saúde de FHC.
Na reta final da campanha de 2002, Serra e Lula travaram um intenso debate em torno da criação de novos empregos no país. Os dois prometeram como meta a geração de novos postos.
"A principal conseqüência desse retrocesso está no emprego, que é a variável social fundamental no Brasil. Esse é o grande problema social que nós vivemos", afirmou o tucano.
Segundo Serra, o governo anterior enfrentou uma conjuntura internacional desfavorável com as crises nas economias da Argentina, do México e da Rússia.
"Eu estou convencido de que há algo errado em uma economia que tem um dos maiores juros do mundo", disse
O ex-ministro, que é economista, criticou também os bancos públicos -Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil- por, segundo ele, cobrarem juros altos.
"O presidente Lula criticou os empresários e os bancos privados, mas os bancos públicos fazem a mesma coisa", disse.
Questionados sobre o desempenho da economia no governo FHC, Virgílio e Serra afirmaram que o "PT foi eleito para mudar".
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, não houve recuo do PIB em nenhum ano. O pior resultado ocorreu em 1998, quando a economia avançou apenas 0,13%, num reflexo da crise nos países asiáticos.
O segundo pior ano de FHC foi 99, quando ocorreu o fim da paridade com o dólar e a depreciação do real. Naquele período, o crescimento ficou em 0,79%.


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