São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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ANO PERDIDO

Empresários avaliam que retração da economia em 2003 é reflexo da opção política de buscar o controle da inflação a todo custo

Para Fiesp, resultado do PIB é "desapontador"

FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 é reflexo da política do governo de controlar a todo custo a inflação. Essa é a opinião de empresários e economistas ouvidos pela Folha.
"Não dá para provocar uma desinflação rápida e crescer. A redução de 0,2% do PIB no ano passado é reflexo dessa opção do governo", afirma Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A queda do PIB em 2003, diz, mostra que a retomada da economia será lenta. "Estamos a caminho de mais uma década perdida, como foram, em termos de crescimento econômico, as décadas de 80 e 90. O governo precisa eleger setores, como a construção civil, para impulsionar a economia."
Os números divulgados ontem pelo IBGE, diz ele, mostram que a economia brasileira superou a recessão dos dois primeiros trimestres do ano. "Mas também revelam que a retomada do crescimento nos dois trimestres seguintes foi tímida. Faltam ações mais decisivas para reduzir os juros e ampliar o mercado doméstico."
Para Roberto Faldini, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), os dados do IBGE são "desapontadores" e são reflexo de uma "doença crônica que acomete o país".
"Essa doença é formada pelo déficit público elevado, pelo alto endividamento interno e externo, pela legislação trabalhista arcaica e pela elevada carga tributária."
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) diz que os sinais de retomada são frágeis e que uma volta do crescimento depende do estímulo ao consumo e aos investimentos, por meio da queda do juro e da estabilidade de preços.
Para Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), o resultado "corrobora o cenário de que a política macroeconômica do governo foi excessivamente conservadora. Esperávamos um resultado ruim, mas foi até pior", diz.
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação que reúne os fabricantes de brinquedos, a queda do PIB foi desanimadora. "Mostra que os esforços do governo, do setor produtivo e da sociedade não estão produzindo os resultados de que o país precisa. Lamento que o Brasil esteja andando em marcha a ré", diz.


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