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LUÍS NASSIF
O exterminador
de riquezas
O desempenho do PIB de
2003 é apenas a confirmação estatística do que se sabia na prática: o Banco Central
foi responsável pelo maior processo de destruição de riqueza
nacional de que se tem notícia
desde o fatídico ano de 1995.
É inacreditável como um
país inteiro pode ficar refém de
uma política torta, que se baseia em um modelo teórico
questionado, implementada
por pessoas sem nenhuma capacidade de observação da
realidade, que se movem apenas por manuais de instrução
feitos para países com outra
voltagem.
Como é que pode, com a dinâmica que esse nível de juros
imprime à dívida, que se mantenha a taxa de juros com base
em uma ata tão pífia como a
do Copom? Mantêm-se os juros
altos para evitar a possibilidade futura de uma volta da inflação, que ninguém consegue
enxergar no horizonte.
Ó bom o governo Lula se precaver. O caso Waldomiro não
aumentou o poder discricionário do BC -como supõem alguns pensadores de planilha.
Pelo contrário, nos próximos
meses haverá um aumento
gradativo da pressão política,
porque o episódio acabou com
o período de carência do governo Lula.
No início do governo não faltaram alertas sobre a política
suicida colocada em pauta por
esses irresponsáveis -irresponsáveis porque as bombas
armadas agora explodirão em
um futuro qualquer e não haverá falta de álibis para justificar o desastre.
Agora já se têm claros os resultados dessa loucura: aumentos brutais de impostos,
cortes brutais de despesa e nem
assim se dando conta do serviço da dívida.
Não adianta no futuro descobrir que o governo Lula entregou o BC a um desvairado, como não adianta culpar Gustavo Franco pelo desastre que cometeu à frente do banco: o responsável final é o chefe, Lula,
como foi, no governo passado,
FHC.
Quando a opinião pública se
der conta de que todo o sacrifício da maioria e dos lucros indecentes de uma minoria tiveram como único resultado aumentar a miséria da maioria e
os ganhos da minoria e como
resultante um país mais pobre
e vulnerável, não haverá quem
segure a reação.
Por isso mesmo, é hora, mais
do que nunca, de José Dirceu
curar as feridas, de Antonio
Palocci Filho receber uma injeção de bom senso e segurar essa
ignorância alucinada do BC
enquanto é tempo.
Cotas raciais
Do professor Leandro R. Tessler, sobre a questão das cotas
para negros nas universidades:
"Na posição de coordenador
do vestibular da Unicamp, não
vou entrar na discussão sobre
os prós e contras, mas gostaria
de fazer uma observação sobre
o sistema americano de ação
afirmativa, que em geral é discutido de forma errônea aqui
no Brasil, inclusive em sua coluna.
Cotas raciais são proibidas
nos EUA. Isso foi decidido pela
Suprema Corte. O que existe
por lá são programas de ação
afirmativa. O que em geral é
feito é pontuar de maneira diferenciada os grupos minorizados que eles decidem beneficiar. Dessa forma, o mérito
acadêmico fica preservado.
Não há notícia de que o nível
acadêmico de Harvard ou do
MIT tenha diminuído com as
políticas de ação afirmativa,
justamente porque não se tratam de cotas".
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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