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Europa retoma importação de carne
Após suspender compras, UE aceita lista com somente 106 fazendas aptas a enviar gado para abate
Ministro considera medida "simbólica" e prevê que, com "dever de casa" realizado, exportações se normalizem até o final deste ano
IURI DANTAS
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após 27 dias de embargo
branco, a União Européia
anunciou ontem a retomada de
importações de carne bovina
"in natura" do Brasil, negou
protecionismo e imposição de
cotas e criticou o país por descumprimento de regras sanitárias acertadas desde 2007. Inicialmente, apenas 106 propriedades poderão vender aos 27
países do bloco europeu.
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) considerou
"positiva" a decisão européia,
mas classificou de "simbólica"
a reabertura do mercado.
"É mais uma abertura simbólica do que uma abertura de fato para maiores volumes."
As exportações de carne para
o bloco devem ser normalizadas, segundo o ministro, até o
final do ano. "Volta ao normal
desde que nós saibamos fazer o
nosso dever de casa", disse.
A tarefa brasileira, nesse caso, é exigir dos pecuaristas a
rastreabilidade dos rebanhos,
uma exigência considerada rígida pelo próprio ministro.
Os europeus querem saber
onde os animais nasceram, como viveram, se e quando foram
vacinados, onde foram abatidos, entre outras informações.
Segundo o embaixador da
União Européia, João Pacheco,
as duas primeiras listas de fazendas entregues pelo Brasil
não estavam completas, pois
faltavam as auditorias individuais de cada propriedade.
"Estávamos à espera de uma
lista que fosse enviada pelo
Brasil com os relatórios de auditorias, essa era a condição. Isso foi feito, foi publicado e está
reaberto [o comércio]", disse.
Desde ontem, há fazendas
autorizadas no Espírito Santo
(2), em Goiás (2), em Mato
Grosso (4), em Minas Gerais
(87) e no Rio Grande do Sul (11).
Uma equipe de técnicos europeus começou ontem uma
vistoria em 27 dessas fazendas,
para checar se os dados fornecidos pelo governo conferem.
Para a Abiec (Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), será preciso avaliar se os custos de logística vão permitir a retomada
das exportações.
"Depois é lamber as feridas,
reorganizar o processo e que o
Sisbov seja refeito para se tornar mais simples para o produtor, que mais usa", disse Antonio Jorge Camardelli, diretor-executivo da entidade.
"Foi uma surpresa porque liberaram 106 propriedades sem
vistoriar. Estavam com uma
batata quente e não sabiam o
que fazer", disse Antenor Nogueira, presidente do Fórum da
Pecuária de Corte da CNA
(Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil).
Segundo Pacheco, o problema começou em dezembro.
"Quando veio cá a inspeção no
final de 2007, o Sisbov não estava a funcionar como devia."
O embaixador da União Européia também negou que as
decisões do bloco sejam influenciadas pela resistência de
fazendeiros irlandeses, cuja
carne compete com a brasileira. Disse que essa crítica "é, talvez, uma espécie de desculpa
para alguns não fazerem aquilo
que tem que fazer".
Pacheco também disse que o
bloco nunca exigiu uma lista de
somente 300 propriedades.
"Foi uma sugestão dada pelos
serviços técnicos da comissão,
como parecendo o que seria
possível de ser feito numa primeira fase da parte brasileira.
Acabou sendo 106", disse.
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