São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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TRABALHO

Segundo Dieese, número de desempregados foi a 1,77 milhão em fevereiro; salário médio encolheu 10% na região

Desemprego chega a 19,1% na Grande SP

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego atingiu 19,1% da população economicamente ativa no mês passado na região metropolitana de São Paulo. Foi o índice mais alto registrado nos meses de fevereiro desde 1985.
Pesquisa de emprego e desemprego divulgada ontem pela Fundação Seade/Dieese (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados/Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que a taxa de desemprego na PEA (população economicamente ativa) passou de 17,9% em janeiro para 19,1% no mês passado. Ou seja, em um mês o desemprego aumentou 6,7%. No mês passado, os desempregados na Grande São Paulo somavam 1,77 milhão.
A taxa de desemprego de fevereiro também é a mais alta dos últimos 30 meses, segundo o Dieese. Perde para setembro de 99, quando o índice foi de 19,7%.
No mês passado foram fechados 152 mil postos de trabalho na região metropolitana. Desse total, 110 mil assalariados com carteira assinada estavam empregados no setor de serviços.
Entre os grupos que mais perderam o emprego estão os trabalhadores na faixa de 25 a 39 anos (19,7%), os de 15 a 17 anos (18,3%) e os chefes de família (15,8%).

Procura cresce
"Além do fechamento de postos, subiu o número de pessoas que procuram emprego. Essa pressão, associada aos elevados índices de desemprego desde o segundo semestre de 2001, não traz boas perspectivas para o mercado até junho", disse o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça. Em relação a fevereiro de 2001, o total de vagas criadas (43 mil) não foi suficiente para absorver a entrada de pessoas (286 mil) no mercado.
O salário médio dos trabalhadores da região metropolitana de São Paulo caiu 10% em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês do ano anterior e passou de R$ 924 para R$ 832.
Na comparação com dezembro de 2001, quando o rendimento médio era de R$ 856, a queda foi de 2,8%, segundo pesquisa mensal de emprego e desemprego do Dieese divulgada ontem.

Renda em queda
A redução nos salários foi maior nos últimos 12 meses entre os trabalhadores autônomos (-18,3%). No setor privado, a redução foi maior nos contracheques de quem trabalha no setor de serviços (-8,8%) e na indústria (-8,1%).
Entre os trabalhadores com carteira assinada, a queda nos salários foi maior: 7,5% contra 6,8% dos assalariados sem carteira.
Para o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, a queda no rendimento pode ser explicada por dois fatores: os elevados índices de desemprego e a alta rotatividade da mão-de-obra empregada. "Como a oferta de trabalhadores é grande, as empresas contratam por salários mais baixos.
A troca da mão-de-obra, mais constante entre os de baixa renda, também afeta os salários, que são ainda mais achatados. Você demite quem ganha cinco salários mínimos, por exemplo, para recontratar por três", disse Mendonça.
Segundo a pesquisa, o rendimento médio para os homens diminuiu 2,9% em janeiro (em relação a dezembro de 2001) e equivale a R$ 983. Entre as mulheres a queda foi de 3,6%, e o salário corresponde a R$ 643. A remuneração média das mulheres corresponde a 65,4% da recebida pelos homens em janeiro.



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