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Baixa expansão atrapalha avaliação
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As taxas modestas de crescimento e o alto endividamento do
setor público estão entre as principais barreiras que separam o
Brasil da classificação de investimento de baixo risco pelas grandes agências internacionais. Pelo
menos é essa a avaliação de uma
delas, a Standard & Poor's.
Representantes da agência de
classificação de risco debateram
ontem com o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, e com executivos de grandes empresas brasileiras as condições para que
companhias e governo brasileiros
atinjam o "grau de investimento".
As agências de classificação de risco atribuem notas a papéis de empresas e governos. A nota reflete a
opinião da agência a respeito da
capacidade e da disposição do
emissor do papel de pagar seus
compromissos.
O "grau de investimento" é a
nota a partir da qual o risco de calote é considerado baixo. Como o
risco é reduzido em relação aos
demais papéis, os juros cobrados
do emissor também são menores.
Assim, quando governos ou empresas atingem o "grau de investimento", as condições de financiamento melhoram.
Uma série de investidores -como fundos de pensão e seguradoras- também só podem aplicar
em papéis considerados de baixo
risco. Assim, quando torna-se um
investimento de baixo risco, ou
com "grau de investimento", os
papéis de um país são comprados
por um maior número de investidores, o que aumenta a procura
por eles e reduz também os juros.
"É muito difícil dizer quando
um país pode atingir o "grau de investimento". [O prazo] depende
do tipo de políticas adotadas pelo
país e da velocidade em que elas
são adotadas", diz Lisa Schineller,
diretora de riscos soberanos (as
notas atribuídas aos países), da
Standard & Poor's.
Ainda assim, lembra Lisa, as estatísticas sobre países que já chegaram lá podem dar alguma pista.
No caso da Standard & Poor's,
dos países que tinham nota similar à brasileira e chegaram ao grau
de investimento, 17,7% o fizeram
em três anos, enquanto outros
22% demoraram cinco anos.
Ela cita, entre os problemas que
o Brasil ainda precisa resolver para melhorar sua nota, a falta de
crescimento e o alto endividamento público. Levy faz ressalvas.
"O não crescimento é uma preocupação. Mas temos que lembrar
que alguns países pares [com notas parecidas ou melhores do que
a do Brasil] também não têm crescido muito. O crescimento não é
impedimento definitivo para o
grau de investimento."
O secretário do Tesouro admitiu que o Brasil precisa levar
adiante mais reformas econômicas, mas ressaltou também as melhoras obtidas pelo país nos últimos anos. "É sempre muito legal
falar que vamos fazer mais reformas, mas temos também que
lembrar do que já fizemos", disse
ele, citando a melhora das contas
externas, do perfil do endividamento externo e interno e a adoção de reformas microeconômicas, como a nova lei de falências.
Levy disse que, depois do processo de combate à inflação deflagrado no último ano e com a continuidade das políticas econômicas adotadas até aqui, o Brasil está
pronto para um "salto", aproximando-se mais do perfil de um
país com classificação de baixo
risco.
Mesmo um cenário externo menos favorável, disse ele, não deve
atrapalhar o Brasil. "Estamos preparados para o ajuste [da economia internacional]", argumenta o
secretário do Tesouro.
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