São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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Vendas de combustível têm recuo de 8%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas das lojas de material de construção e dos postos de combustível caíram 6,32% e 7,97% nos 12 meses encerrados em janeiro, segundo dados da PMC (Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE).
Em janeiro, as vendas dos postos caíram 8,62%, sob impacto do aumento de preço tanto do álcool como da gasolina. Só em janeiro, esses combustíveis tiveram altas de 9,87% e 1,19%, respectivamente, pelos dados do IPCA. Em 2005, a gasolina subiu 7,76%; o álcool, 5,64%.
Já as lojas de material de construção, dizem especialistas ouvidos pela Folha, tiveram fraco desempenho porque o consumo a crédito foi todo direcionado pelas famílias para móveis, eletrodomésticos e veículos, artigos de maior apelo comercial. Além disso, o consumo formiga (das classes mais baixas) de pequenas reformas e ampliações foi prejudicado pelo fraco crescimento econômico e pelo rendimento ainda em fase inicial de recuperação.
Na outra ponta, está o varejo de equipamentos de informática, comunicação e material de escritório, com crescimento de 112,77% no acumulado de 12 meses. Tal desempenho é atribuído pelo IBGE à queda do dólar, que fez baixar o preço desses produtos, cujas peças e componentes são em sua maioria importados. Em janeiro, o setor manteve expansão forte, com alta de 63,77%.
Outro destaque ficou com o grupamento de outros artigos de uso pessoal e doméstico (óticas, lojas de brinquedos e outros), com alta de 26,2% em janeiro e de 15,91% em 12 meses. O câmbio também ajudou a promover as vendas dessa categoria, dizem os economistas.
Em média, o indicador do comércio varejista ampliado (11 setores -dois deles, com vendas também no atacado: construção e veículos) registrou alta de 2,86% nos últimos 12 meses até janeiro -a variação naquele mês ficou em 3,96% ante janeiro de 2005.

Inibição
Para Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio SP, o aumento dos preços "inibiu a demanda" por combustíveis, resultando no recuo das vendas. Também pesou, diz, o fato de o rendimento não ter decolado no ano passado, período de baixa expansão econômica.
No caso das lojas de material de construção, o que ocorreu, diz, foi uma opção das famílias por compras de eletrodomésticos e veículos. Com dívidas no crediário, sobrou menos dinheiro para reformas de imóveis. "Houve uma canalização da demanda, mas o setor [do varejo de material de construção] tende a se recuperar."
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) Carlos Thadeu de Freitas diz que o consumo de artigos de construção tanto pela classe média como pelas camadas mais pobres (grandes compradoras de cimento e materiais básicos) sofreu em razão da falta de renda e do baixo nível de atividade da economia -o PIB subiu apenas 2,3% em 2005.


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