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sociais & cias.
Desafio de investidores hoje é elaborar métodos para verificar eficiência e impacto econômico das iniciativas que financiam
Empresa exige resultado em projeto social
JULIANA GARÇON
DA REDAÇÃO
Eficiência, maximização dos recursos e busca de excelência. Os
dogmas da gestão empresarial furaram a velha carcaça de empirismo dos investimentos sociais privados e já norteiam as iniciativas
das companhias mais atentas.
Empenhadas em verificar se e
como frutificam seus investimentos sociais, elas estão criando ou
buscando, em consultorias e organizações não-governamentais,
técnicas para aferir a eficiência
dos seus programas. Assim, podem melhorá-los. Ou encerrá-los.
O Instituto Unibanco começou
a avaliar seus projetos mais parrudos no ano passado, conforme
seu presidente, Tomas Zinner. O
Círculos de Leitura, que realiza
em escolas públicas estudos literários entremeados com debates,
foi aperfeiçoado depois da avaliação: passou a concentrar os alunos num número menor de escolas para que os participantes tivessem chance de interagir mais.
A nova etapa é um desafio e tanto, mesmo para empresas onde as
avaliações são rotineiras. Isso
porque os objetos de estudo envolvem muitas variáveis e alguma
subjetividade. A Fundação Itaú
Social, por exemplo, trabalha há
dois anos para desenvolver métodos de avaliação do impacto econômico de seus projetos, focados
em educação, conta Antonio Matias, vice-presidente da entidade.
A busca por eficiência vira demanda para as consultorias: entre
2001 e 2004, cresceu 47% a fatia
dos associados que contratam esses serviços. No Instituto para Desenvolvimento do Investimento
Social (Idis), organização não-governamental que desenvolve e
avalia projetos, a demanda dobrou nos últimos três anos.
Os institutos de pesquisa, que
verificam os reflexos dos programas na imagem da empresa junto
ao público, também vêm sendo
procurados. "A preocupação em
medir retornos se acirrou nos últimos anos", conforme Paulo Cidade, diretor de planejamento do
Ipsos, que mensalmente faz três
novos orçamentos para clientes
desde o ano passado. O Sensus,
por sua vez, informa ter realizado
trabalhos recentes sobre responsabilidade social corporativa e relacionamento com a comunidade
para Arafértil, Paraibuna de Metais, Alcan, Alcoa, AçoMinas e Rio
Paracatu Mineração.
Além do impacto de seus projetos e dos efeitos de suas ações em
sua imagem, as companhias também vêm diagnosticando melhor
o grau de responsabilidade social
que atingiram com as mudanças
de comportamento. Cumprem
essa tarefa, freqüentemente,
apoiados nos modelos consagrados, como o do Instituto Ethos e o
do Ibase (Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas).
Em 2005, mais de 530 empresas
enviaram formulários preenchidos ao Ethos. No ano 2000, apenas 71 empresas faziam o mesmo.
A partir dos indicadores sociais,
as companhias podem montar
seus balanços (numéricos) ou relatórios (descritivos) sociais, que
servem para a firma apresentar
sua conduta à sociedade e se comparar com o mercado.
Com mais balanços, cresce a demanda por auditorias externas
para certificar as informações que
as companhias prestam por meio
desse tipo de documento. É um
trabalho útil para verificar as informações que dão ao mercado e
para neutralizar as desconfianças
e o ceticismo dentro e fora das
empresas investidoras.
De acordo com o Mauro Ambrósio, sócio da BDO Trevisan, de
cada três novos trabalhos relacionados a responsabilidade social
que chegam à sua mesa, um é para
auditoria. "Cada um coloca o que
quer nos relatórios", comenta.
A fim de criar um padrão internacional, grupos de trabalho no
mundo todo estão formatando,
há dois anos, o ISO 26000. Ao
contrário de outros produtos da
Organização Internacional de
Normalização (ISO na sigla em
inglês), o ISO 26000 não será uma
certificação, mas sim uma referência para padronização das informações que vão para os balanços sociais. "Deverá ficar pronto
entre 2007 e 2008", diz Ambrósio.
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