São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Analistas questionam tese da explosão da demanda interna

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mais um indicador divulgado ontem, o INA (Nível de Atividade da Indústria), da Fiesp, reforçou a percepção de que a economia segue em ritmo acelerado de expansão neste início de ano, o que pode levar o Copom (Comitê de Política Monetária) a elevar a taxa de juros na próxima reunião.
Em fevereiro, a atividade industrial aumentou 1,5% com ajuste sazonal -que isola movimentos típicos de determinados períodos de tempo- em relação a janeiro. Foi o melhor resultado para um mês de fevereiro desde 2002.
Outros indicadores recentes confirmam a percepção de que a expansão econômica não dá sinais de arrefecer, o que leva alguns analistas a já darem como certo o aumento dos juros em abril. Anteontem, por exemplo, pesquisa da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) mostrou que as vendas em supermercados cresceram 8,31% no primeiro bimestre ante o mesmo período de 2007.
"O Banco Central comprou a idéia da explosão no consumo. Essa visão já se consolidou, e uma alta dos juros no mês que vem já está selada, acredito", disse o consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Gomes de Almeida.
O Iedi não divulga suas previsões para o crescimento econômico, mas, segundo Almeida, o instituto revisou para baixo suas projeções por conta da expectativa de elevação da Selic.
De acordo com o consultor do Iedi, há, porém, uma "falsa impressão" de que o consumo está "explodindo". "Há, sim, uma expansão na demanda, mas há também um exagero na percepção. Em janeiro, por exemplo, a "explosão" do comércio se deu muito em razão das promoções."
Para o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, o BC deve aumentar os juros já na próxima reunião. Para ele, a razão principal não seria a demanda doméstica, e sim a alta global nos preços dos insumos. "Há demanda aquecida, mas não um esgotamento da capacidade instalada".


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