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Empregos terão de ser mantidos, diz Dilma
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o governo deverá
anunciar nos próximos dias um
conjunto de medidas para atenuar os efeitos da crise internacional sobre a economia.
Sem antecipar o teor do que
será anunciado nem quais setores serão abrangidos, Dilma
afirmou que o governo vai exigir, a partir de agora, garantias
de manutenção do emprego de
empresas que forem beneficiadas por financiamentos federais ou isenções tributárias.
"Não é possível fazer financiamento nem tampouco redução de carga tributária para
quem vai desempregar. Essa
será uma questão que será objeto de negociação sempre a
partir de agora", disse a ministra em Porto Alegre, durante
uma audiência pública sobre a
crise internacional na Assembleia Legislativa gaúcha.
Diante de uma plateia de 150
empresários, sindicalistas e políticos, a ministra discursou por
uma hora, classificando a crise
como "mais grave que a de
1929" e "sem solução clara" no
cenário internacional.
Citando reservas internacionais de quase US$ 200 bilhões e
medidas como isenções tributárias e a manutenção do investimento público, Dilma disse
que o país sairá da crise sem entrar em recessão e afirmou que
"há espaço" para redução dos
juros sem risco de inflação.
"Expectativas têm papel
muito grande na crise. É a forma de transmissão de um dos
mais graves vírus da crise, que é
o medo. Esta crise é composta
de ganância e medo, e o medo
encontrou o governo posicionado", afirmou, exemplificando com a indústria automobilística -um setor que demitiu e
deu férias coletivas no fim de
2008 e hoje está aquecido após
a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Apagão e FMI
Preferida por Lula para sucedê-lo, Dilma mandou recados à
oposição. Ela comparou a situação atual, em que o investimento público não foi cortado,
com as circunstâncias do apagão em 2001, no governo FHC.
"Apagão não cai do céu, [apagão] é não investir em geração e
transmissão. Antes o governo
era parte do problema", disse.
Após o discurso, a ministra
disse aos jornalistas que a oposição não tem "um projeto alternativo" para lidar com a turbulência na economia internacional e que, no início da década, o governo aceitou cortar investimentos e aumentar juros
quando o país recorreu ao Fundo Monetário Internacional.
"Nós sabemos que este país
não precisa ficar estagnado.
Você faz o dever de casa e não
fica cantando loas ao ajuste fiscal", afirmou Dilma.
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